# | por | spa |
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1 | Tente ser uma jornalista mulher no Quirguistão. | Intenta ser una periodista en Kirguistán. |
2 | Sua fontes masculinas dão em cima de você. | Los hombres que son tus fuentes te buscarán seducir. |
3 | O tempo todo. | Siempre. |
4 | O coletivo feminista de Bishek SQ, capital do Quirguistão é um dos movimentos sociais que trabalham com questões de gênero no Quirguistão, sendo vencedor do Rising Voices. | Bishkek Feminist Collective SQ, organización ganadora de una beca de Rising Voices, es una de varias agrupaciones civiles que abordan temas de género en Kirguistán. |
5 | Foto do coletivo feminista de Bishek SQ. | Foto por Bishkek Feminist Collective SQ. |
6 | Está escrito no cartaz: “Eu preciso do feminismo porque as pessoas devem respeitar os meus limites pessoais. | El cartel dice: “Necesito feminismo porque la gente debería respetar mis espacios personales. |
7 | Não preciso de conselho ou instrução de ninguém”. | No necesito consejos o instrucción de nadie”. |
8 | Batalhas de gêneros continuam tendo papel central na política e na sociedade do Quirguistão. | Las batallas de género continúan siendo tema central en la vida política y sociedad en Kirguistán. |
9 | Enquanto mulheres ocupam posições proeminentes na vida pública, notavelmente mais do que em outros países vizinhos, a manutenção contínua de estereótipos negativos e o assédio afetam a capacidade de muitas realizarem seu trabalho. | Aunque en el país las mujeres ocupan posiciones públicas mucho más que en sus naciones vecinas, siguen habiendo fuertes obstáculos como el acoso y actitudes estereotípicas que no permiten a dichas mujeres ejercer su trabajo correctamente. |
10 | O comovente trecho a seguir, originalmente escrito pela jornalista quirguiz Asel Kalybekova para o blog Inside the Cocoon da Eurasianet.org, foi postado sob o título de Bishkek Journal: I want an Interview, Not a Date(Bishkek Jornal: Eu quero uma entrevista, não um encontro): | A continuación presentamos un emocional testimonio escrito por la periodista kirguisa Asel Kalybekoa para el blog Inside the Cocoon de EurasiaNet.org. Su título original es Periódico Bishek: Quiero una entrevista, no una cita romántica: |
11 | Quando bato a porta de qualquer político, servidor civil ou homem de negócios quirguiz, eu tenho muitas perguntas. Esse é meu trabalho como jornalista. | Cuando toco a la puerta de algún político, burócrata o empresario kirguiso considero muchas preguntas ya que ese es mi trabajo como periodista. |
12 | Mas a pergunta que mais me dá nos nervos não está no meu caderno: será que ele vai dar em cima de mim? | Sin embargo, la pregunta más relevante no está en mi libreta sino en mi mente: ¿tratará de coquetear y seducirme? |
13 | A primeira vez em que entrevistei um oficial em Bishkek, ele tentou segurar minha mão enquanto estávamos a sós em seu escritório. | La primera vez que intenté entrevistar a un oficial de Kirguistán intentó tomar mi mano cuando estuvimos a solas. |
14 | Saí de lá, humilhada, pensando que isso nunca aconteceria novamente. | Me sentí humillada pero pensé que no volvería a suceder. |
15 | Eu estava errada. | Estaba equivocada. |
16 | A ideia de que mulheres não passam de pedaços de carne está profundamente enraizada aqui. | En este lugar la idea de que las mujeres no somos más que un pedazo de carne está muy cimentada. |
17 | De fato, até pouco tempo, a lei quirguiz considerava roubo de ovelhas um crime mais grave do que o sequestro de noivas. | Hasta hace poco, la ley en Kirguistán castigaba de forma más severa a alguien que se robaba una oveja que a un hombre que secuestraba a una mujer para forzarla a casarse. |
18 | As mulheres são ensinadas a culpar a si mesmas. | A las mujeres se les educa para culparse a si mismas. |
19 | Um estudo com 8 mil mulheres quirguizes, publicado em janeiro, revelou que 6% delas acreditam que a mulher merece apanhar se queima o jantar, 23% se ela sai de casa sem avisar ao marido. | Un estudio hecho a 8,000 mujeres kirguisas publicado en enero muestra que 6% de las mujeres creen que merecen ser golpeabas si queman la cena, 23% de ellas si salen de la casa sin avisar a su marido. |
20 | No verão passado, um membro feminino do parlamento fez lobby para proibir garotas abaixo de 22 anos de viajar para fora do país. | El verano pasado, una mujer miembro del parlamento promovió que se prohibiera a mujeres menores de 22 años viajar al extranjero. |
21 | Ela disse que queria preservar o “conjunto de genes”. | Alegó que al hacerlo se ayudaría a “preservar la raza“. |
22 | Primeiro, pensei que as investidas eram minha culpa, que eu havia me vestido ou agido de maneira imprópria. | Inicialmente pensé que yo estaba provocando estas conductas inapropiadas al vestir o actuar de cierta manera. |
23 | Mudei minha maquiagem e passei a usar óculos para parecer mais velha. Mas eles não pararam. | Cambié mi maquillaje y empecé a usar lentes para verme mayor pero eso no funcionó. |
24 | Constantemente homens me ligam depois de entrevistas, sugerindo para irmos tomar café “para nos conhecermos melhor”. | Después de mis entrevistas es común que hombres me llamen para invitarme a un café y “conocernos mejor”. |
25 | Profissionalmente, é desafiador dizer a um membro do parlamento ou a ministro que você não está interessada e ainda manter a porta aberta para futuras entrevistas. | Profesionalmente, esto presenta un reto ya que tengo que decirles a miembros del parlamento o Ministros que no me interesan pero sin cerrar la puerta a futuras entrevistas. |
26 | Kalybekova ecoa ainda uma reclamação comum entre mulheres jovens no Quirguistão, dizendo que homens casados utilizam redes sociais, como Facebook, para assedia-las: | Kalybekova añade que una queja común entre las mujeres jóvenes de Kirguistán es el acoso que reciben por parte de hombres casados a través de redes sociales como Facebook: |
27 | O flerte não se limita apenas a ligações telefônicas ou cantadas a portas fechadas. | El flirteo no se limita a llamadas telefónicas o propuestas a puerta cerrada. |
28 | Recentemente, conheci um político proeminente, educado a maneira ocidental. | Recientemente conocí a un político prominente, educado en occidente. |
29 | O que começou com uma oferta para me dar uma carona até em casa se transformou em uma série de textos e mensagens no Facebook sobre como ele estava pensando em mim e queria me ver. Eu conheço bem sua filha, ela é um ano mais nova do que eu. | Lo que inició como un ofrecimiento de darme un aventón a mi casa, se volvió una serie de mensajes de texto y por Facebook en los que me decía que pensaba en mí y quería verme. Conozco a su hija bien y es sólo un año más joven que yo. |
30 | Eu lhe disse isso, mas ele não parou. | Se lo mencioné pero no dejó de buscarme. |
31 | Eu pensava que estava sozinha. Mas amigas compartilharam experiências parecidas. | Pensé que estaba sola pero mis amigas me han compartido experiencias similares. |
32 | Uma, que agora tem 28 anos, costumava trabalhar como secretária em uma agência do governo, onde ela conta que sempre recebia propostas de relações sexuais. | Una de ellas que tiene 28 años trabajaba como secretaria en una oficina de gobierno, en donde constantemente la acosaban sexualmente. |
33 | Ela nunca ousou levantar sua frustração para seus superiores. | Nunca se atrevió a denunciar esto y mostrar su frustración ante sus jefes. |
34 | “Ninguém me levaria a sério. | “Nadie lo tomaría en serio. |
35 | Eu sou uma mulher, e isso significa que sempre serei a culpada”. Ela pediu demissão. | Soy una mujer y eso significa que siempre tendré la culpa”. |
36 | A forma como foi tratada a desencorajou de tentar seguir uma carreira. | Terminó por renunciar y el trato que recibió desincentivó su carrera profesioanl. Ahora es ama de casa. |
37 | Agora ela é mãe e dona de casa. | Aizhan es una amiga de mi familia, de 48 años de edad. |
38 | Uma amiga da família, Aizhan, 48, que é uma bem-sucedida chefe de contabilidade em uma grande empresa privada em Bishkek, me contou que teve de lutar contra o assédio sexual durante toda sua carreira. | Actualmente es la contadora principal de una importante compañía privada en Bishkek. Me comentó que a lo largo de su carrera siempre ha tenido que combatir contra el acoso sexual. |
39 | “Sempre me diziam que se eu quisesse ter sucesso, teria de ser ‘amigável' com meus chefes e parceiros de negócios. | “En múltiples ocasiones me dijeron que si quería tener éxito tendría que ser ‘amistosa' con mis jefes y sus socios. |
40 | Claro, amizade é a última coisa que eles querem', me disse Aizhan. | Claro que una amistad era lo último que querían”, me comentó Aizhan. |
41 | A pior coisa é que estes homens de baixo nível esperam que gostemos disso. | Lo más asombroso es que estos hombres libidinosos esperan que sus actitudes nos gusten. |
42 | Por que mais eu iria ao seus escritórios? | ¿Por qué otra razón iría a sus oficinas? |
43 | Jovem, solteira, o que mais eu poderia querer? | Jóven, soltera, ¿qué más querría? |
44 | Por alguns padrões quirguizes, porque estou com 20 e poucos anos e não sou casada, eu devo ser liberal. | En base a los estándares de Kirguistán, como estoy en mis veintes y soy soltera, seguramente soy fácil. |
45 | Quando eu caminho pelos corredores do poder do Quirguistão, eu sou um alvo. | Cuando visito los núcleos de poder en Kirguistán, soy un blanco. |
46 | Eu quero que minha fontes me vejam como uma jornalista, uma profissional, não um objeto sexual. | Quisiera que mis fuentes me vieran como una periodista profesional y no un objeto sexual. |
47 | Eu quero que eles falem comigo sobre negócios e política, não sobre o quão bonita eu sou. | Quiero que me hablen de negocios y política, no de lo bien que me veo. |
48 | Porque eles estão afetando a maneira como eu me vejo. Depois de cada proposta, eu falo a mim mesma que não é minha culpa. | Porque ellos afectan la manera en que me veo a mi misma, después de cada propuesta me tengo que decir que no es mi culpa. |
49 | Mas quanto mais eu digo, menos eu acredito em mim e menos confiança tenho na hora de fazer meu trabalho. | Sin embargo entre más lo digo, menos lo creo y pierdo confianza para hacer mi trabajo. |
50 | O blog de Kalybekova encontrou ressonância entre muitas outras jornalistas que já havia passado por situações similares enquanto trabalhavam na região. | El blog de Kalybekova hizo eco en muchas otras personas que pasaron por experiencias similares al trabajar en distintas partes de la región. |
51 | Dena Sholk, que passou algum tempo pesquisando no Quirguistão, escreveu: | Dena Sholk, quien pasó tiempo como investigadora en Kirguistán escribió: |
52 | Eu empatizo com esse artigo da @EurasiaNet. | Tengo completa empatía por este artículo de @EurasiaNet. |
53 | Tive experiências parecidas pesquisando no Quirguistão. http://www.eurasianet.org/node/69351 | He tenido experiencias similares durante mi investigación en Kirguistán. |
54 | Histórias recentes publicadas no Global Voices focaram na batalha de gêneros no Quirguistão, incluindo este artigo, escrito por Aliaskar Adylov, sobre um incidente em que uma multidão atacou um grupo de ativistas dos direitos das mulheres tendo as confundido com missionárias cristãs, e este artigo de Mahina Shodizoda, sobre uma jovem que contou seu próprio “sequestro da noiva” em tweets. | Recientes historias de Global Voices que se enfocan en las batallas de género incluyen esta pieza escrita por Aliaskar Adylov que describe un incidente en que una multitud atacó a un grupo de mujeres activistas al confundirlas con misioneras cristianas, así como esta otra por Mahina Shodizoda, sobre el recuento en tuits de una mujer que fue secuestrada para casarse. |