# | por | spa |
---|
1 | Portugal: A Reputação do (defunto) Chefe da Polícia Política | La discutida reputación de ex Jefe de la Policía Política de Portugal |
2 | Sobrinhos do defunto major Silva Pais, o último director da PIDE (1962-74), polícia política do “Estado Novo” em Portugal, clamam ultraje à memória do tio por peça de teatro em cujos diálogos se lhe imputa o envolvimento no assassinato do General Delgado. | |
3 | Em Maio, conforme reportámos, abriu-se audiência criminal contra a autora da peça “A Filha Rebelde” e os directores do Teatro Nacional D. Maria II que a levaram ao palco em 2007. | El Mayor Silva Pais, último director de la represiva fuerza policial PIDE de Portugal -que operó durante el periodo del “Estado Nuevo” del país- ha sido implicado en una obra teatral, en el asesinato del General Humberto Delgado, político democrático de oposición, ocurrido en 1965. |
4 | Oposição e Morte Delgado rompeu com o regime nacional-católico candidatando-se à eleição para Presidente da República (1958), agendada pelo ditador Salazar, com surpresa de todos, por “sufrágio universal”. | Como lo informó [en] Global Voices en mayo de 2011, lo sobrinos de Pais han iniciado un caso penal que actualmente está en proceso en contra del autor de la obra A Filha Rebelde (La hija rebelde) y los directores del Teatro Nacional D. |
5 | Universalidade relativa, claro. | Maria II, que la pusieron en escena en 2007. |
6 | Só os alfabetizados podiam votar e o analfabetismo era esmagador. | |
7 | E as fraudes eleitorais eram regra (os mortos “votavam”). | General Humberto Delgado Documento de identidad del director del PIDE. |
8 | Mas foi a primeira assunção do sufrágio universal para a Presidência da República. | |
9 | Era estranho. | Imagen de dominio público |
10 | Todavia o “sufrágio universal” traduzia, para Salazar, expressão de mero assentimento popular e não uma opção programática dos eleitores. | Delgado rompió con el régimen portugués nacional-católico, cuando se inscribió en las elecciones presidenciales de 1958, convocadas por el dictatorial, entonces Primer Ministro, Salazar. |
11 | Este “sufrágio universal” dos nacional-católicos tem significado específico. Delgado apresenta-se. | Sorprendentemente anunciadas como “elecciones universales”, en realidad solamente pudieron votar las personas letradas y en ese tiempo, el analfabetismo en el país era abrumador. |
12 | A campanha é viciada. Proibiram-lhe manifestações, comícios, desfiles. | En ese tiempo, el fraude electoral también era común - hasta los muertos “votaban”. |
13 | Impediram-lhe contactos com a população. Pretensamente vencido nas urnas, o general afasta-se alegando fraude. | Sin embargo, para Salazar, el “voto universal” era una expresión de mero consentimiento y no daba opciones realistas a los votantes. |
14 | A PIDE foi incumbida de o raptar além fronteiras. | |
15 | Matou-o em Espanha. Por espancamento. | Delgado se presentaba como candidato y la campaña era despiadada. |
16 | Ficcionou-se um disparo acidental. Não houve versão oficial. | Se le prohibió realizar manifestaciones, mítines y desfiles, y le evitaron que entrara en contacto con el público en general. |
17 | O evento esclareceu-se em julgamento, finalmente possível, em 1981. No Cantigueiro, Samuel lembra: | Supuestamente vencido en las urnas, el general salió del país, y denunció el resultado como fraude. |
18 | BIlhete de identidade do director da PIDE (Polícia Internacional e de Defesa do Estado). Imagem do domínio público. | La PIDE recibió instrucciones de secuestrarlo fuera del país, al final lo golpearon hasta matarlo en España, y se fingió un tiroteo accidental. |
19 | o assassino Silva Pais estava a ser julgado exactamente pela participação nesses crimes [assassinatos de Humberto Delgado e secretária], quando morreu de causas naturais seis meses antes de ser lida a sentença. | |
20 | Os sobrinhos do director da PIDE insistem que a peça de teatro (centrada na filha de Silva Pais) é crime de ofensa à memória do tio “por em três falas da peça se insinuar que o biltre estaria ligado aos assassinatos“. | |
21 | Peticionam indemnização de 30.000 euros. Nem o Ministério Público (MP) acusou, parece. | Aunque no hubo una versión oficial, el patrón de acontecimientos fue finalmente aclarado en un tribunal en 1981. |
22 | Contudo um tribunal criminal recebeu a acusação (particular) e abriu audiência. Podia tê-lo feito? | Nunca se completó un juicio posterior para establecer la participación de Silva Pais en la muerte de Delgado, pues Pais murió antes de que se emitiera la sentencia. |
23 | Direito Internacional dos Direitos do Homem | En el blog Cantigueiro, Samuel recuerda [pt]: |
24 | A simples existência e tramitação do processo pode traduzir violação da Convenção Europeia dos Direitos do Homem, por oposição aos critérios jurisprudenciais do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos. | El asesino Silva Pais estaba siendo juzgado específicamente por [su] participación en estos crímenes [el asesinato de Humberto Delgado y su secretaria], cuando murió de causas naturales seis meses antes de leerse la sentencia. |
25 | O fenómeno é compatível com o lugar onde a própria tradução oficial da Convenção Europeia está viciada, “traduzindo-se” ali “reputação” por “honra” (não é a única adulteração). | Los sobrinos del Mayor Pais insisten que la obra (que se basa en la hija de su tío) es profundamente ofensiva a la memoria de su tío y dicen: “tres líneas de la obra sugieren que [el Mayor Silva Pais está] vinculado a los homicidios”. |
26 | "Mural colocado na cadeia do Aljube com o nome de todos (dos que existe registo) os homens e mulheres assassinados pela PIDE, alguns a mando directo desse facínora chamado Silva Pais". | Su pedido de compensación de 30,000 euros de los directores de teatro y el escritor, ha estado en juicio desde mayo de 2011, con una sentencia programada para fines de julio. ¿Violación de derecho humanos? |
27 | Foto de Jota Daniel, partilhada no grupo do Facebook em Solidariedade com os réus do processo crime «A Filha Rebelde» | Se puede decir que toda la controversia encaja bien en un país donde la propia traducción de la Convención Europea oficial tiene imperfecciones: la palabra “reputación” se toma en la versión portuguesa como “honor”. |
28 | Importa debater a incompatibilidade destas práticas (reiteradas) com os pressupostos da democracia. | La mera existencia del proceso de la corte puede ser una violación de la Convención Europea de Derechos Humanos. |
29 | Não convém ao Estado Democrático a prática institucional de estado nacional-católico, imposta por (evidentes) deformidades da formação. | Muro en la cárcel de Aljube con los nombres de las personas asesinadas por la PIDE, algunos por orden directa de Silva Pais. |
30 | Delgado Rosa, investigador, aponta a possibilidade de se abrir aqui “um precedente gravíssimo”. Talvez não. | Foto de Daniel Jota, distribuida en un grupo de Facebook en solidaridad con los acusados en el proceso penal en contra de 'La hija rebelde'. |
31 | A não ser no plano da condenação internacional do Estado por violação dos art.ºs 17 e 46 da Convenção Europeia dos Direitos do Homem, (clara proibição de interpretar a Convenção contra si própria e exigência da eliminação, ao menos tendencial, do problema onde a condenação do Estado radicou). | |
32 | Era útil uma exautoração exemplar de tais práticas no Tribunal Europeu. Faltam dados. | La investigadora Rosa Delgado señala la posibilidad de abrir acá un “precedente extremadamente serio” [pt] en la democracia portuguesa. |
33 | Na imprensa, como nos blogues. (Exemplo: Houve pronúncia -inculpação confirmada por juiz para debate em julgamento?) | También están los que sostienen (incluido el autor de este post) que los procedimientos judiciales realizados por la corte pública portuguesa violan los artículos 17 y 46 de la Convención Europea de Derechos Humanos. |
34 | Há bons protestos. Protestos e Polémica | Falta información sobre el tema, tanto en la prensa como en la blogósfera. |
35 | As atrocidades infligidas aos opositores, por inspectores e agentes sob a alçada de Silva Pais, enchem milhões de páginas no Arquivo da Torre do Tombo [arquivo histórico central], | |
36 | lembra o movimento cívico “Não apaguem a memória”. | |
37 | Foto da peça A Filha Rebelde exibida no Teatro Nacional D. | |
38 | Maria II (TNDM II) em 2007. Copyright Margarida Dias, TNDM II. | Por ejemplo, ¿hubo una acusación confirmada o una acusación de un juez para llevar el debate a juicio? |
39 | Em Caligrafias ìberes sublinha Rosário Duarte da Costa a gravidade da censura contra homem de cultura e professor universitário, caso do antigo director do Teatro Nacional de cuja direcção foi afastado, durante este processo e por causa dele. | |
40 | (Facto não noticiado). | Protestas y controversia |
41 | Determinada, Margarida Belchior deixou À Beira Rio: | Ha habido muchas protestas con respecto al tema. |
42 | Confio que seja feita justiça, para já no tribunal, (…) e em muitas outras dimensões da nossa vida e actividades colectivas: reedição do livro, levar a peça novamente à cena(…) | |
43 | No Portugal dos Pequeninos, João Gonçalves reproduz texto de Cintra Torres (do Público): | El movimiento cívico ‘Não apaguem a memória‘ (No borren la memoria) [pt] recuerda: |
44 | Correcto será defender, em primeiro lugar, os direitos de quem exprime opiniões para nós detestáveis ou factos para nós desagradáveis. | Las atrocidades infligidas a los opositores, por inspectores y agentes bajo el mando de Silva Pais, llenan millones de páginas del Archivo de la Torre do Tombo [archivo histórico central]. |
45 | À “porta da Loja” diz o José, à bolina, com autoridade: | Foto de la obra 'La hija rebelde' exhibida en el Teatro Nacional D.Maria II (TNDM II) en 2007. |
46 | O que a peça de teatro pretende é imputar factos concretos que podem ser falsos e que nada autoriza se publiquem ou imputem porque as pessoas visadas estão vivas e são da família do difamado. | Derechos reservados Margarida Dias, TNDM II. En Caligrafias ìberes Rosario Duarte da Costa destaca [pt] la seriedad de censurar al exdirector del Teatro Nacional, un hombre de cultura y catedrático universitario, que perdió su directorado durante este proceso legal y por su causa (un hecho del que los medios tradicionales no informaron). |
47 | Pensa que pensa assim o jurista médio à moda da terra. | Determinada, Margarida Belchior dice [pt] en À Beira Rio: |
48 | Mas pode haver-se por estranha a afirmação de envolvimento do antigo director em operação da “polícia” que só ele dirigia? | Confío en que se haga justicia, por lo menos en el tribunal, (…) y en muchas otras dimensiones de nuestra vida y actividades colectivas: reimpresión del libro, llevar la obra nuevamente a escena (…). |
49 | Esta renitência ante a liberdade de expressão tem uma única fonte doutrinária actual: a Libertas Praestantissimum. | En el blog Portugal dos Pequeninos (Portugal de los pequeñitos), João Gonçalves reproduce [pt] un artículo de la crítica de medios Cintra Torres (del periódico Público): |
50 | Aqui invertem-se os termos. É preciso que alguém, ou alguma coisa,”autorize” a falar. | Correcto será defender, en primer lugar, los derechos de quien expresa opiniones que nos son detestables o hechos deagradables para nosotros. |
51 | E a jurisprudência local está cheia de aberrações similares. | En el blog Porta da Loja (Puerta de la tienda) Jose dice [pt] con autoridad: |
52 | Tais minutas são incompatíveis com qualquer democracia e violam a Convenção Europeia dos Direitos do Homem. Só a exigência do silêncio tem de demonstrar-se em Direito, não a palavra. | Lo que la obra de teatro pretende es imputar hechos concretos que pueden ser falsos y que nada autoriza que se publiquen o se imputen porque las personas vinculadas están vivas y son de la familia del difamado. |
53 | A minuta é falha. | De igual manera piensa el abogado portugués promedio. |
54 | Desamparar tais minuteiros tornou-se tarefa política. É preciso cortar-lhes os textículos. | ¿Pero tiene sentido cuestionar la participación del exdirector en una operación emprendida por el propio “policía” que gobernaba solo? |
55 | Em Contra Ordem, Kritis, usa o picador: | En Contra Ordem (Contra orden) [pt], Kritis cree: |
56 | Está (…) prejudicada a defesa do bom nome do director geral de uma organização declarada criminosa por texto legal. | La protección de la reputación del director general de una organización declarada criminal por procedimientos legales se ha visto perjudicada. |
57 | Estão todos errados, portanto. | Por lo tanto, todo está mal. |
58 | Sublinha: | Y destaca: |
59 | (…) a humilhação da submissão de um autor teatral à escumalha da reinserção social, (…) os absurdos de se ser interrogado (…) sem defensor e por assistentes sociais asininas, (…) o absurdo (…) que se traduz na transferência para debate e decisão penal de uma tarefa que é da crítica literária. | |
60 | Falta passar da dureza dos factos à das ideias. É inaceitável esta resistência aos critérios (vinculativos) do Tribunal Europeu quanto à liberdade de expressão, criação, investigação e consciência. | (…) La humillación de la sumisión de un autor teatral a la escoria de la reinserción social, (…) los absurdos de ser interrogado (…) sin defensor y por asistentes sociales asesinos, (…) lo absurdo (…) que convierte una tarea de crítica literaria en un asunto de orden criminal y debate. |
61 | Deve opor-se-lhe um só argumento jurídico: “não pode ser”. Essas minutas serão espelho de mentalidade, não Direito. | La resistencia mostrada a través de este caso, el criterio (vinculante) de la Corte Europea sobre libertad de expresión, creación, investigación y toma de conciencia han planteado serios problemas en Portugal; muchos están esperando ver cómo se resuelven. |
62 | E são provavelmente delitos. | |