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#porspa
1Amazônia, uma história de destruiçãoAmazonía, una historia de destrucción
2O livro Amazônia Pública está disponível para download através deste link.El libro Amazonia Pública está disponible para descarga [en portugués] vía este link.
3Este artigo foi publicado originalmente no website da Agência Pública a 17 de dezembro de 2013. Debaixo da lona montada especialmente para levar a Amazônia à praça pública, em São Paulo, especialistas em Amazônia nas áreas de energia, ambiente, comunicação, além de representantes de movimentos e ONGs que atuam na região debateram os dilemas que vive a região - entre a necessidade de preservação, essencial também para a qualidade de vida da população da região, e a pressão pelo desenvolvimento.Debajo de una carpa levantada especialmente para llevar la Amazonía a una plaza pública en Sao Paulo, especialistas sobre la Amazonia en las áreas de energía, medio ambiente y comunicación, además de representantes de movimientos y organizaciones no gubernamentales que actúan en la región debatieron sobre los dilemas de la misma - entre las necesidades de preservación (esencial para la calidad de vida de la población local) y la presión por el desarrollo.
4Um público de cerca de 100 pessoas compareceu ao debate - e todo mundo que passou por lá recebeu um exemplar do livro Amazônia Pública.Un público de 100 personas estuvo presente en el debate. Todas las personas asistentes recibieron un ejemplar del libro Amazônia Pública [pt].
5O livro reúne três séries de reportagens sobre os impactos de grandes empreendimentos na Floresta Nacional de Carajás e no rio Tapajós, no Pará, e no rio Madeira, em Rondônia.El libro reúne tres series de reportajes sobre los impactos de grandes proyectos en la Floresta Nacional de Carajás y en el río Tapajós (Pará) y el Río Madeira (Rondonia).
6Toda a apuração foi feita em campo por seis repórteres.Toda la investigación fue hecha en el campo por seis reporteros.
7Antes do debate foram exibidos três vídeos, realizados pelas equipes de reportagem.Antes del debate fueron exhibidos tres videos realizados por los equipos reporteriles.
8Depoimentos de pessoas que nasceram ou atuam na Amazônia - como o escritor Milton Hatoum e o cineasta Aurélio Michelis - ambos de Manaus, que falaram sobre sua relação com a cidade e a floresta e expuseram suas expectativas para a região.Testimonios de personas que nacieron o viven en la Amazonía -como el escritor Milton Hatoum o el cineasta Aurélio Michelis, ambos de Manaos- quienes hablaron sobre su relación con la ciudad y la selva y expusieron sus expectativas para la región.
9Debate aberto na Praça Roosevelt, em São Paulo.Debate abierto en la Plaza Roosevelt, en Sao Paulo.
10Foto: Agência Pública (14/12/2013).Foto: Agência Pública (14/12/2013).
11Questão energéticaCuestión energética
12O debate começou com a pergunta que se faz desde que os brasileiros tomaram conhecimento da construção da hidrelétrica de Belo Monte - que obteve grande repercussão pelos protestos de ribeirinhos e indígenas do Xingu: Afinal, vale a pena construir hidrelétricas na Amazônia?El debate comenzó con la pregunta que se hace desde que los brasileros conocieron sobre la construcción de la hidroeléctrica de Belo Monte [pt]- que tuvo gran repercusión por las protestas de los ribereños e indígenas de Xingu: al final, ¿vale la pena construir hidroeléctricas en la Amazonía?.
13Quem se beneficia dessa energia não apenas do Xingu, mas do rio Madeira (com as hidrelétricas Jirau e Santo Antônio) e as planejadas no projeto de hidrelétricas do Tapajós, o lindo rio azul de ribeirinhos e mundurukus no Oeste do Pará.Quien se beneficia de esa energía no vive en Xingu, sino más bien en Rio Madeira (con las hidroeléctricas Jirau y Santo Antônio y en lugares planificados en los proyectos de hidroeléctricas en el Tapajós, el lindo río azul de ribereños y mundurukus en el oeste de Pará.
14O professor Célio Bermann, do Instituto de Energia e Ambiente da USP (IEE/USP), foi taxativo:El profesor Célio Bermann, integrante del Instituto de Energia e Ambiente de la USP (IEE/USP), fue contundente:
15É mentira a necessidade de energia elétrica para o desenvolvimento.Es mentira que sea necesaria la energía eléctrica para el desarrollo.
16Bermann acrescentou que não é a pressão pelo consumo das novas classes médias que está pressionando a demanda.Bermann añadió que la presión energética no viene de las necesidades de consumo de las nuevas clases medias de Brasil.
17Segundo o professor, 30% da energia gerada no país é consumida inteiramente por seis setores da indústria: a siderurgia, a indústria de metais não ferrosos, de ferro-ligas, petroquímica, papel e celulose e cimento.Según el académico, 30% de la energía generada del país es consumida íntegramente por seis sectores industriales: siderúrgica, metales no ferrosos, aleaciones, petroquímica, papel y celulosa y cemento.
18Referindo-se à prioridade dada a produção de energia em detrimento da preservação de recursos naturais, disse:Refiriéndose a la prioridad dada a la producción de energía en detrimento de los recursos naturales, dice:
19Nós estamos vivendo no país uma autocracia energéticaEstamos viviendo en Brasil una autocracia energética,
20Bermann, que há 20 anos trabalha com questões energéticas na Amazônia, apontou alternativas trazidas em um estudo do IEE/USP, que mostra a possibilidade de suprir a demanda da população brasileira por 10 anos com a construção de 66 usinas eólicas de 30 megawatts de potência, bem mais limpa e menos impactante, do ponto de vista do território, do que as hidrelétricas.Asegura Bermann, quien desde hace 20 años trabaja en temas energéticos en la Amazonía, señaló alternativas contenidas en un estudio de IEE/USP, que muestra la posibilidad de suplir la demanda de la población brasileña por 10 años con la construcción de 66 usinas eólicas de 30 megawatts de potencia, más limpia y menos impactante -desde el punto de vista territorial- que las hidroeléctricas.
21Além disso, explicou o professor, essas usinas poderiam se localizar próximas às cidades para evitar a perda de potência no transporte da energia por linhas de transmissão.Además de eso, explicó el profesor, esas usinas pudieran ser ubicadas cerca de las ciudades para evitar la pérdida de potencia en el transporte de energía por líneas de transmisión.
22Referindo-se ao fato de as empreiteiras serem as grandes beneficiárias das obras e grandes doadoras eleitorais, disse:Refiriéndose al hecho que las contratistas serán las grandes beneficiarias de las obras y las grandes donantes electorales, dice:
23[A usina hidrelétrica de] Belo Monte não está sendo construída para gerar energia elétrica.[La usina hidroeléctrica de] Belo Monte no está siendo construída para generar energía eléctrica.
24Está sendo construída porque em cinco anos as empresas que hoje dominam o governo vão embolsar R$ 17 bilhõesEstá siendo construída porque en cinco años las empresas que hoy dominan el gobierno se embolsarán 17 billones de R$ (reales).
25O professor criticou ainda a ausência de consulta preliminar por parte do governo e das empresas à academia - para discutir a necessidade e a melhor maneira de realizar as obras - e às comunidades tradicionais e indígenas, que embora sejam as mais afetadas ainda não têm seu direito de veto assegurado nas discussões sobre estes megaempreendimentos:El profesor criticó también la ausencia de consulta preliminar por parte del gobierno y empresas a la academia -para discutir la necesidad y mejor manera de realizar las obras- y a las comunidades tradicionales e indígenas, quienes ahora serán las más afectadas y todavía no tienen su derecho de veto asegurado sobre estos megaproyectos:
26As consequências sociais e ambientais são irreversíveis.Las consecuencias sociales y ambientales son irreversibles.
27Mitigação é um belo nome para dizer nada.Mitigación es una bella palabra para decir nada.
28Marcelo Salazar, do Instituto Socioambiental (ISA) de Altamira, onde fica a usina de Belo Monte - para ele, “o maior símbolo de “inadimplência socioambiental” - relatou o que está acontecendo na região, onde vive desde 2007:Marcelo Salazar, del Instituto Socioambiental (ISA) de Altamira, donde se encuentra la usina de Belo Monte -para él, “el mayor símbolo de ´defecto socioambiental´” - relató lo que está sucediendo en la región, donde vive desde 2007:
29O que estou vivenciando em Altamira é um verdadeiro rolo compressor.Lo que estamos viviendo en Altamira es un verdadero problema opresor.
30A pressão social parece não ter força.La presión social parece no tener fuerza.
31Salazar explicou que além dos impactos às comunidades próximas às obras da hidrelétrica, o empreendimento gera conflitos que reverberam por uma área bem maior do que a da usina, propriamente dita.Salazar explicó que además de los impactos en las comunidades próximas a las obras de la hidroeléctrica, el megaproyecto genera conflictos que superan su área de acción propiamente dicha.
32Ele destacou o aumento de extração ilegal de madeira na região e, do lado urbano, o encarecimento do custo de vida e o alarmante crescimento da violência na cidade.Destacó el aumento de extracción ilegal de madera en la región y del lado urbano, el encarecimiento del costo de la vida y el crecimiento alarmante de la violencia urbana.
33Revelou ainda:También reveló:
34Uma em cada três pessoas tem um parente ou conhecido que foi assassinado.Una de cada tres personas tiene un pariente o conocido que fue asesinado.
35Salazar também criticou a postura do governo em relação às comunidades indígenas.Salazar também criticó la postura del gobierno en relación con las comunidades indígenas.
36“O governo não aplica recursos para a Funai e usa a Eletrobrás e a Eletronorte para fazer a política indigenista na região”, disse, referindo-se às compensações financeiras que as empresas devem pagar pelos impactos causados à população indígena e que deveriam ser mediadas pelo órgão encarregado de protegê-la.“El gobierno no otorga recursos para la Funai y usa a Eletrobrás y Eletronorte para hacer la política indígena de la región”, afirma refiriéndose a las compensaciones financieras que deben pagar las empresas por los impactos causados sobre la población indígena y que deberían ser conciliadas por el organismo encargado de protegerles.