Sentence alignment for gv-por-20110517-20332.xml (html) - gv-spa-20110524-68397.xml (html)

#porspa
1Moçambique: Português Enquanto Língua da “Moçambicanidade”Mozambique: Portugués, el idioma de la Mozambicanidad
2No passado dia 5 de Maio comemorou-se em Maputo o Dia da Língua Portuguesa e Cultura da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP).Este 5 de mayo, se celebró en Maputo el Día del Idioma y Cultura Portugueses de la Comunidad de Países Lusoparlantes.
3Um dos grandes escritores contemporâneos africanos de literatura de expressão portuguesa, e o mais consagrado de origem moçambicana, Mia Couto, considera que 36 anos após a sua independência, com cerca de 40% da população a falar português, “apenas uma das nações de Moçambique já vive na lusofonia”, e defendia, em 2001, que “o idioma português não é a língua dos moçambicanos. Mas, em contrapartida, ela é a língua da moçambicanidade.”Mia Couto, uno de los mayores escritores contemporáneos en idioma portugués, y el más conocido de origen mozambiqueño, piensa que luego de 36 años de independencia, donde cerca del 40% habla portugués, “solamente una de las naciones de Mozambique vive en el mundo ‘lusófono'”, y expuso [pt] en 2001 que el “portugués no es el idioma de los mozambiqueños, aunque no obstante es el idioma de la Mozambicanidad”.
4"Não ao estigma!""¡No al estigma!"
5Mural bilingue em Nampula.Un mural bilingüe en Nampula.
6Foto de Rosino no FLickr (CC BY-SA 2.0)Foto de Rosino en FLickr (CC BY-SA 2.0)
7Instrumento de dominação ou troféu da independência?¿Instrumento de dominación o trofeo de independencia?
8Se em 1975, cerca de 80 por cento dos moçambicanos não falavam português, fala-se hoje mais português em Moçambique do que se falava na altura da Independência.Si bien en 1975, casi el 80% de los mozambiqueños no hablaba portugués, más portugués se habla ahora en Mozambique que en los tiempos de la independencia.
9Há 30 anos, a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), ainda na guerrilha anticolonial, viu no idioma lusitano uma arma para a unificação do país e a construção da Nação.Hace treinta años, el Frente de Liberación de Mozambique (FRELIMO), todavía una guerrilla de insurgencia anti-colonial, vio al idioma europeo como arma con la cual unificar el país y construir la nación.
10Aquele instrumento que servira a dominação colonial se convertia, nas mãos dos nacionalistas, no seu contrário - um troféu de guerra, um pilar de afirmação.El instrumento que sirvió para la dominación colonial se convertiría, en manos de los nacionalistas, en su opuesto - un trofeo de independencia, una afirmación.
11Numa série de artigos no blog Moçambique para Todos, sobre o livro “Descolonização e Independência em Moçambique - Factos e Argumentos” de Henrique Terreiro Galha, é citado o líder revolucionário e primeiro presidente de Moçambique, Samora Machel, em finais de 1975, num comício no Estádio da Machava, na então cidade de Lourenço Marques (hoje cidade de Maputo):En una serie de entradas del blog Moçambique para Todos (Mozambique para todos) [pt], sobre el libro “Descolonização e Independência em Moçambique - Factos e Argumentos” [“Decolonización e independencia en Mozambique - Hechos y argumentos”, pt] de Henrique Terreiro Galha, se cita [pt] al líder revolucionario y primer presidente de Mozambique Samora Machel a fines de 1975, en una manifestación en el Estado de Machava, en la en ese entonces Lourenço Marques (hoy la ciudad de Maputo):
12outros dirão mas a língua ainda é portuguesa.Otros dirán pero la lengua sigue siendo la portuguesa.
13É preciso utilizar a língua do inimigo.Es necesario utilizar la lengua del enemigo.
14A língua portuguesa agora já mudou de conteúdo, não é aquele português que era falado pelo senhor Governador em Moçambique.La lengua portuguesa ahora ya cambió de contenido, no es ese portugués que hablaba el señor Gobernador en Mozambique.
15Deve ser o nosso português de moçambicanos.Debe ser nuestro portugués, el de los mozambiqueños.
16Galha acrescentava ainda que:Galha agrega [pt]:
17O português era o único veículo de comunicação entre as diversas etnias.El portugués era el único vehículo de comunicación entre las diversas etnias.
18Foi uma decisão difícil, tomada a contra-gosto.Fue una decisión difícil, tomada en contra de nuestra voluntad.
19Num seminário realizado em Mocuba (Zambézia), no início de 1975, com a presença de Joaquim Chissano, foi salientado e relembrado, como tarefa dos grupos dinamizadores, “a necessidade de transformar (sic) a língua portuguesa, de instrumento de despersonalização e opressão, em veículo de comunicação do Povo.”En un seminario realizado en Mocuba (Zambézia), a comienzos de 1975, con la presencia de Joaquim Chissano, se destacó y se recordó, como labor de los grupos dinamizadores [grupos de bases formados en la Independencia], “la necesidad de transformar (sic) la lengua portuguesa, de un instrumento de despersonalización y opresión, en vehículo de comunicación del pueblo”.
20Placa de aviso na Zambézia "Cuidado com crocodilo N'Gona" Imagem do Jornal @Verdade.Cartel de advertencia en Zambezia. Imagen de Jornal @Verdade.
21Um português particularUn portugués particular
22Embora os dados existentes ilustrem que a maioria dos moçambicanos se comunica através das 43 línguas nacionais, a língua portuguesa é considerada como um dos elementos de Unidade Nacional.En tanto que la información existente [pt] muestra que la mayoría de mozambiqueños se comunica usando 43 idiomas nacionales [pt], el idioma portugués es considerado uno de los elementos de unidad nacional.
23Segundo Mia Couto “o governo moçambicano fez mais pela língua portuguesa que séculos de colonização (…) seu próprio interesse nacional, pela defesa da coesão interna, pela construção da sua própria interioridade”.Según Mia Couto [pt], “el gobierno mozambiqueño hizo más por el idioma portugués que siglos de colonización (…) su propio interés nacional, para defender la cohesión nacional, para la construcción de su propia interioridad”.
24Num debate realizado no Centro Cultura Brasil-Moçambique a propósito do 5 de Maio o ministro da Cultura, Armando Artur, reafirmou que a língua portuguesa faz parte do património linguístico de Moçambique, coabitando com as línguas nacionais:En un debate auspiciado por el Centro Cultural Brasil-Mozambique con motivo del 5 de mayo, el Ministro de Cultura, Armando Artur, reafirmó [pt] que el idioma portugués es parte del patrimonio lingüístico de Mozambique, que vive junto con los idiomas nacionales:
25Com o advento da Independência Nacional, ela viu o seu prestígio mais reforçado com a sua adopção como um elemento de Unidade Nacional, passando, deste modo, a ostentar o estatuto de língua oficial em Moçambique.Con la llegada de la Independencia Nacional, [el idioma] vio su prestigio más reforzado con su adopción como un elemento de Unidad Nacional, y de este modo pasó a ostentar la condición de idioma oficial en Mozambique.
26O governante e escritor moçambicano acrescentou que cada vez mais os moçambicanos apropriam-se da língua portuguesa através de um processo de interacção, entre esta e as línguas nacionais, atribuindo-lhe marcas e aspectos próprios, que se consubstanciam em novas palavras e novas expressões.Artur, miembro del gobierno y escritor mozambiqueño, agregó que cada vez más, los mozambiqueños se están apropiando del idioma portugués a través de un proceso de interacción con idiomas nacionales, dándole aspectos únicos, lo que resulta en que se consustancien nuevas palabras y expresiones.
27A expressão "Andar fora é maningue arriscado" significa "trair é muito arriscado".Sin embargo, este elemento de Unidad es cuestionado por varios sectores en la sociedad.
28Maningue é uma palavra tipicamente moçambicana, que quer dizer "muito" e vem de "many", do inglês.En 2009, en un comentario en el blog Moçambique para Todos, Elísio Fonseca señaló [pt]:
29Todos os países que fazem fronteira com Moçambique tem o inglês como suas línguas oficiais.La expresión "andar afuera es maningue riesgoso" significa "traicionar es muy riesgoso".
30Imagem de Amanda Rossi, usada com permissão. Porém este elemento de Unidade é questionado por vários quadrantes da sociedade.Maningue es una palabra típicamente mozambiqueña que significa "muy/mucho" y viene de "many" en inglés.
31Já em 2009, num comentário a um artigo do blog Moçambique para Todos, Elisio Fonseca apontava:Todos los países que rodean Mozambique tienen el inglés como idioma oficial. Imagen de Amanda Rossi, usada con autorización.
32Em nome da “unidade nacional” o nosso governo colocou um manto sobre a nossa cultura, menosprezando o ensino das línguas, hostilizando todos os nossos valores culturais.En nombre de la “unidad nacional” nuestro gobierno colocó un manto sobre nuestra cultura, menospreciando la enseñanza de los idiomas, hostilizando todos nuestros valores culturales.
33Há linguistas que consideram isto um erro tremendo.Hay lingüistas que consideran esto un tremendo error.
34Para eles, a capacidade de um adolescente moçambicano em aprender uma língua estrangeira, seja o português ou o inglês, mede-se pelo domínio que tem da língua nativa.Para ellos, la capacidad de un adolescente mozambiqueño de aprender un idioma extranjero, sea portugués o inglés, se mide por el dominio que tiene de su idioma materno.
35Sem esta base sólida, argumentam, torna-se mais difícil essa aprendizagem.Sin esta base sólida, argumentan, se hace más difícil ese aprendizaje.
36Mas o erro foi feito, e hoje reflecte-se no nível do português falado entre muitas camadas da nossa sociedade.Pero se cometió el error, y hoy se refleja en el nivel de portugués hablado en muchos estratos de nuestra sociedad.
37Max Coutinho, do blog Etnias, dá um exemplo de “inexactidão recorrente” que reflecte esse “nível” mencionado por Fonseca no uso da língua oficial:Max Coutinho, del blog Etnias [pt], da un ejemplo de una “imprecisión recurrente” que refleja este “nivel” que menciona Fonseca en el uso del idioma oficial:
38Os cidadãos de Maputo, tanto em solo nacional como na diáspora, confundem os verbos Ir (deslocar-se de um lugar para outro para lá ficar; afastando-se) e Vir (transportar-se para cá).Los ciudadanos de Maputo, tanto en casa como en el extranjero, confunden los verbos ir (desplazarse de un lugar a otro para quedarse ahí; distanciarse) y vir (transportarse para acá).
39Fátima Ribeiro, Licenciada em Línguas e Literaturas Modernas, comenta:Fátima Ribeiro, con un grado académico en Languaje y Literatura Moderna, comenta [pt]:
40O Português falado em Moçambique é diferente do falado noutros países lusófonos.El portugués que se habla en Mozambique es diferente del que se habla en otros países lusófonos.
41Nós estamos a construir o nosso Português que tem várias influências das nossas várias línguas maternas e também do inglês.Nosotros estamos construyendo nuestro portugués que tiene varias influencias de nuestros varias lenguas maternas y también del ingles.
42É um Português que, em termo de vocabulário, gramática e estrutura, é diferente naturalmente.Es un portugués que, en términos de vocabulario, gramática y estructura, es naturalmente diferente.
43A decisão de Moçambique em ratificar o Acordo Ortográfico, que pretende unificar o português falado nos países que o têm como língua oficial, tem estado em análise há mais de dois anos.La decisión de ratificar el Acuerdo Ortográfico, lo que pretende unificar el portugués que se habla en los países que lo usan como idioma oficial, ha sido analizado durante más de dos años.
44Na blogosfera, muitos questionam se “vale a pena gastar 111 milhões USD para alterar a língua”, como Eduardo Quive, do blog Quivismo, num relato aprofundado sobre o debate do 5 de Maio.En la blogósfera, muchos cuestionan si “vale la pena gastar US$111 millones para cambiar un idioma”, como Eduardo Quive, del blog Quivismo, en un exhaustivo informe [pt] sobre el debate del 5 de mayo.
45Ao mesmo tempo, nos últimos anos, Moçambique tem vindo a introduzir as línguas nacionais no sistema de ensino para o desenvolvimento da educação no país.Al mismo tiempo, en años recientes, Mozambique ha empezado a introducir idiomas nacionales en el sistema educativo para el desarrollo educativo del país.
46Presentemente, existem 300 escolas a leccionar em duas línguas e estão a ser testadas mais 16 línguas nacionais.Actualmente, hay 300 colegios que enseñan en dos idiomas y hay otros 16 donde se están probando los otros idiomas nacionales.