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1Angola: Jornalista Premiado Enfrenta Tribunal por Investigar “Diamantes de Sangue”Premiado periodista enfrenta juicio en Angola por su investigación “Diamantes de sangre”
2Escrito com a colaboração de Jonathan McCullyJonathan McCully colaboró con este informe.
3No mês passado, Rafael Marques de Morais foi galardoado com o prémio de jornalismo Index Liberdade de Expressão, pelo “jornalismo de investigação impactante, original e corajoso” que tem feito na sua terra natal de Angola.El pasado mes de marzo, Rafael Marques de Morais recibió el Premio de periodismo a la Libertad de Expresión de Index on Censorship por una obra de investigación periodística impactante, original y solida sobre Angola, su país de origen.
4Amanhã [23 de Abril], enfrenta o tribunal sob acusação de denúncia caluniosa por causa do seu trabalho como jornalista.Y el 23 de abril tuvo que enfrentarse a un juicio por múltiples cargos de difamación criminal debido a su trabajo como periodista.
5No seu discurso da entrega do prémio, Rafael Marques disse acreditar no “poder da solidariedade” e dedicou o galardão a Eskinder Nega e Reeyot Alemu, seus colegas Etíopes que estão na prisão por exercerem o seu direito à liberdade de expressão.En su discurso de aceptación, Marques de Morais habló de su creencia en el “poder de la solidaridad” y dedicó el premio a Eskinder Nega y Reeyot Alemu colegas en Etiopia, quienes en la actualidad se encuentran en la cárcel por ejercer su derecho a la libertad de expresión.
6Rafael Marques é um destacado jornalista de investigação em Angola com vinte anos de experiência.
7Trabalhou para meios de comunicação nacionais e internacionais. É o fundador do site de noticias Maka Angola, onde publica parte do jornalismo de investigação que é autor.Marques de Morais ha sido un destacado periodista de investigación en Angola durante más de dos décadas, trabajando tanto para medios nacionales como internacionales, así como en su propia web de noticias de investigación, Maka Angola.
8A razão que o levou a tribunal foi a publicação do seu livro Diamantes de Sangue: Corrupção e Tortura em Angola, livro que foi proclamado não só pela qualidade da investigação mas também pela sua importância na denúncia de sérios casos de violação dos direitos humanos alegadamente cometidos por generais angolanos envolvidos na industria diamantífera do país.El motivo del juicio es el libro Diamantes de sangre: la corrupción y tortura en Angola, que se ha proclamado no sólo como una pieza seria del periodismo de investigación, sino también como un importante trabajo de documentación sobre los derechos humanos.
9Denúncia, muitas vezes, negligenciada pela opinião pública devido à falta de noticias nesta matéria. Como resultado, Rafael Marques enfrenta um pedido de indemnização por calúnia que ascende a 1.6 milhões de dólares americanos e nove anos de prisão.El libro documenta numerosas violaciones a los derechos humanos cometidas por generales militares angoleños en el curso de las operaciones mineras de extracción de diamantes en el país, aportando un poco de luz sobre un sector de la economía angoleña del que a menudo no hay mucha información.
10Uma pena pesada por informar o público sobre alegadas violações dos direitos humanos. [actualizado, 25/04/2015] A audiência, que foi adiada em Março último, teria lugar no dia 23 de Abril, no Tribunal Provincial de Luanda.Como resultado de sus informes sobre estos asuntos, Marques de Morais enfrenta una demanda por daños y perjuicios que asciende a un total de 1,6 millones de dólares y nueve años de prisión; un castigo excesivo por informar y denunciar a la opinión pública de las graves violaciones de derechos humanos.
11Voltou a ser adiada para o dia 14 de Maio.El juicio comenzará el 23 de abril en el Tribunal Provincial de Luanda, en Angola.
12[actualizado, 25/04/2015]Condenas previas por informes críticos
13Esta forma de opressão não é nova para Rafael Marques.Para Marques de Morais esta forma de opresión no es nueva.
14Por três ocasiões, em 1999, escreveu artigos críticos do Presidente José Eduardo dos Santos no jornal angolano Agora. Marques afirmou que o Presidente era responsável pela “destruição do país”, e acusou-o de promover a incompetência e a corrupção na vida política.A lo largo de 1999 y en tres ocasiones escribió artículos bastantes críticos sobre el presidente Dos Santos en el diario independiente angoleño Agora, en los que se afirmaba que el presidente era responsable de la “destrucción del país” y lo culpaba por la promoción de la incompetencia y la corrupción en la vida política.
15O activista, foi preso por 43 dias sem acusação formal e, posteriormente, foi processado pelo “crime de calúnia”, seis meses de pena suspensa e condenado a pagar uma indemnização.Marques de Morais fue encarcelado durante 43 días sin cargo, procesado posteriormente y finalmente declarado culpable por “delito de injuria” hacia el presidente, lo que le supuso una condena condicional de seis meses de prisión y el pago por daños y perjuicios.
16A Comissão de Direitos Humanos da ONU, argumentou que a gravidade dessas sanções penais “não pode ser considerada como uma medida proporcional seja para proteger a ordem pública ou a honra e a reputação do Presidente, que é uma figura pública e, como tal, deverá estar sujeito ao escrutínio público e a oposição.”El Comité de Derechos Humanos de las Naciones Unidas argumentó que la gravedad de estas sanciones criminales “no puede considerarse una medida proporcionada en relación a la gravedad del delito, como es el proteger el orden público o el honor y la reputación del presidente, una figura pública que como tal está sujeta a las críticas y la oposición.”
17Vencedores do prémio 2015 Index-Liberdade de Expressão.Ganadores de los Premios 2015 de Index on Censorship.
18Rafael Marques, Safa Al Ahmad, Amran Abdundi, Mouad “El Haqed” Belghouat (Membro GV Advox) e Tamas Bodoky da Atlatszo.Rafael Marques de Morais, Safa Al Ahmad, Amran Abdundi, Mouad “El Haqed” Belghouat (miembro de GV Advox) y Tamas Bodoky de Atlatszo.
19Photo de Alex Brenner para Index on Censorship.Foto de Alex Brenner cedida por Index on Censorship.
20Durante o início da década de 2000, Rafael Marques investigou sobre o comércio de “diamantes de conflito” em Angola e descobriu abusos dos direitos humanos na região da Lunda.Durante la década de 2000, Marques de Morais investigó el comercio de diamantes en Angola y destapó los abusos a los derechos humanos en la región de Lunda.
21Em 2011, publicou Diamantes de Sangue: Corrupção e Tortura em Angola, em Portugal.En 2011, publicó Diamantes de sangre: corrupción y tortura en Angola en Portugal.
22O livro relata homicídios, tortura, intimidação e possessão de terras contra os habitantes das áreas de mineração de diamantes da região de Lunda ao longo de um período de 18 meses.El libro detalla los homicidios denunciados, la tortura, la intimidación y el acaparamiento de tierras que sufrieron los habitantes de las zonas mineras de diamantes de la región de Lunda durante un periodo de 18 meses.
23No livro constam relatórios inéditos de 500 casos de tortura e 100 mortes.Incluye informes sobre 500 casos de tortura y 100 homicidios nuevos.
24O mesmo refere um caso onde guardas de uma empresa de segurança privada e de uma série de generais das Forças Armadas Angolanas foram cúmplices de tais abusos.Según el libro, los guardias de una empresa de seguridad privada y generales de las fuerzas armadas angoleñas fueron cómplices de estos abusos.
25Em Novembro de 2011, Rafael Marques entrou com uma queixa-crime, em Luanda, acusando nove generais angolanos de crimes contra a humanidade e corrupção em conexão com as actividades de mineração de diamantes que haviam ocorrido na região da Lunda.En noviembre de 2011, Marques de Morais presentó una denuncia penal en Luanda, en la que acusaba a nueve generales angoleños de crímenes de lesa humanidad y corrupción en conexión con las actividades mineras de diamantes que habían tenido lugar en la región de Lunda.
26Mas o gabinete do Procurador-Geral recusou-se a dar seguimento à queixa, argumentando que as informações fornecidas pelas vítimas eram “irrelevantes”, pois “não forneciam nenhuma informação nova” além das que eles tinham dado ao jornalista para o seu livro.Pero la fiscalía se negó a aceptar el caso, argumentando que la información proporcionada por las víctimas era “inútil” y que “no habían aportado ninguna información nueva” más allá de lo que ya habían comunicado a Marques de Morais para su libro.
27Em 2012, um grupo de generais angolanos apresentou uma queixa por difamação contra Rafael Marques em Portugal por causa do livro publicado.En 2012, un grupo de generales angoleños presentó en Portugal una denuncia penal por difamación contra Marques de Morais por el libro.
28No dia 11 de fevereiro de 2013, para a insatisfação dos generais, o Ministério Público Português optou por não levar o assunto adiante, afirmando que a intenção de Marques “é claramente informar e não para ofender”.El 11 de febrero de 2013, para insatisfacción de los generales que hicieron la denuncia penal, la fiscalía portuguesa optó por no seguir el asunto y afirmó que la intención de Marques de Morais “era claramente informar, pero no ofender”.
29Em março de 2013 , os generais levantaram uma acção civil no Tribunal de Lisboa exigindo uma indemnização de 400 mil dólares para as supostas declarações difamatórias feitas no livro.En marzo de 2013, los generales presentaron una demanda civil ante el Tribunal de Lisboa exigiendo la indemnización de 400.000 dólares por las supuestas declaraciones difamatorias en el libro.
30Enquanto decorria o processo em Portugal, no dia 3 de Abril de 2013, Rafael Marques de Morais foi chamado para interrogatório pela Unidade de Crime Organizado da Polícia Nacional em Luanda, Angola.Mientras que los procedimientos civiles en Portugal estaban todavía en curso, el 3 de abril de 2013 se convocó a Marques de Morais para ser interrogado por la unidad de crimen organizado de la policía nacional en Luanda, en Angola.
31O activista foi detido sem um mandato, interrogado na ausência do seu advogado, e não foi informado sobre a natureza das provas que tinham sido recolhidas contra ele.La convocatoria se hizo sin una orden judicial, fue interrogado sin presencia de un abogado y no se le informó de la naturaleza de las pruebas que se habían reunido en su contra.
32Após uma série de convocatórias irregulares e encontros com a procuradoria, Marques foi finalmente informado de que o seu julgamento teria lugar em Dezembro de 2014.Después de una serie de encuentros irregulares y convocatorias con la fiscalía, se informó a Morais que el juicio debía tener lugar en diciembre de 2014.
33Esta audiência foi adiada pelas autoridades angolanas, numa aparente tentativa de dissuadir os observadores internacionais e membros do público de assistirem à audiência.Finalmente, las autoridades angoleñas reprogramaron la fechas de la audiencia en un aparente intento de disuadir a los observadores extranjeros y miembros del público de asistir a la misma.
34No final de 2014, o Tribunal Africano dos Direitos Humanos e dos Povos decretou que penas de privação da liberdade só poderiam ser usadas como uma interferência legítima com a liberdade de expressão em circunstâncias muito limitadas tais como o incitamento ao ódio ou à violência.Al final de 2014, la Corte Africana de Derechos Humanos y Derechos de los Pueblos dictaminó que las sanciones privativas de libertad que supusieran una interferencia y detrimento de la libertad de expresión sólo podrían aplicarse bajo circunstancias muy limitadas, como la incitación al odio o la violencia.
35O mesmo tribunal decretou também que todas as sanções que são de natureza criminal, incluindo multas civis, devem ser necessárias e proporcionais ao crime em questão.Asimismo, declaró que todas las sanciones que fueran de naturaleza criminal, incluyendo multas civiles, debían ser justificadas y en proporción al delito en cuestión.
36As autoridades angolanas estão a tentar punir Rafael Marques sob leis de difamação criminal que apresentam uma clara afronta ao direito à liberdade de expressão.Las autoridades angoleñas buscan castigar a Marques de Morais bajo las leyes de difamación penal, lo que que representa una clara afrenta al derecho a la libertad de expresión.
37Este direito é reconhecido pelo artigo 9 da Carta Africana, que é obrigatória para Angola, tal como interpretado pelo Tribunal Africano.Este derecho está reconocido por el artículo 9 de la Carta Africana que vincula a Angola, según la interpretación de la Corte Africana.
38O jornalista está a enfrentar uma sentença de nove meses de prisão por informar sobre questões de interesse público, quando não existe nenhuma razão legítima que levam as autoridades a aplicar uma pena tão dura.Marque de Morais no sólo se enfrenta a una pena de prisión de nueve meses por informar sobre cuestiones de interés público, sino que además no hay ninguna razón legítima para justificar una condena tan dura por parte de las autoridades.
39Este caso é um claro exemplo da constante perseguição, adoptada pelo governo de Angola, sobre aqueles que exercem o seu direito de liberdade de expressão para fins jornalísticos legítimos.El caso Marques de Morais es un claro ejemplo de la campaña permanente en Angola de enjuiciar a aquellos que ejercen su derecho a la libertad de expresión periodística con fines legítimos.
40Su historia pone de relieve las sanciones penales, a menudo desproporcionadas, en que pueden incurrir quienes pretenden denunciar los abusos contra los derechos humanos y la corrupción en Angola.
41A história do jornalista e activista Rafael Marques destaca as sanções penais, muitas vezes desproporcionais, que podem ser efectuadas por aqueles que procuram falar contra a corrupção e abusos dos direitos humanos em Angola.Esperamos que la Corte angoleña respete sus compromisos bajo el artículo 9 de la Carta Africana cuando se oiga el caso el 23 de abril de 2015. Pero también somos conscientes que la posición de Marques de Morais sigue siendo bastante precaria.
42Esperamos que o tribunal angolano tenha em conta os compromissos assumidos nos termos do artigo 9 da Carta Africana dos Direitos Humanos e dos Povos quando se realizar a audiência no Tribunal.Jonathan McCully es oficial de proyectos y casos de apoyo en la Iniciativa de Defensa Legal en los Medios (MLD), una organización de apoyo legal a nivel mundial que ayuda a los periodistas, blogueros y medios de comunicación independientes a defender sus derechos apoyándoles con ayuda financiera y asistencia en los juicios.
43Sabemos que a posição de Rafael Marques de Morais, em relação a este caso, continua precária.Nani Jansen es la directora jurídica de MLD.