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1África: Clamor por Transparência Diante do Aumento Significativo da Venda de TerrasÁfrica: Llamado a la transparencia ante significativo aumento de la venta de tierras
2O blog Desenvolvimento Global, do jornal britânico The Guardian, publicou [en] que uma coalizão internacional composta por pesquisadores e ONGs lançou o maior banco de dados [en] do mundo sobre negociações internacionais de venda de terras.En el blog Global Development del periódico británico The Guardian, se informa [en] que una coalición internacional de investigadores y ONG difundió la mayor base de datos pública del mundo sobre la compra y venta internacional de tierras [en].
3É um marco, e põe em perspectiva uma importante questão do desenvolvimento que recebe pouca atenção do noticiário internacional.Esta publicación es crucial, ya que destaca un problema del desarrollo que ha recibido poca atención en el ciclo de noticias internacionales.
4O relatório revela que quase 5% das terras aráveis africanas foram compradas ou arrendadas por investidores desde 2000, e enfatiza que isso não é uma novidade, mas afirma que o número desse tipo de negociação aumentou tremendamente nos últimos cinco anos.En el informe se asegura que, desde el año 2000, casi un 5% de las tierras agrícolas del África fueron compradas o arrendadas por distintos inversionistas. También se enfatiza que no se trata de una práctica nueva, pero que la cantidad de negocios relacionados con la compra-venta de tierras se incrementó excesivamente durante los últimos cinco años.
5Muitos observadores estão cada vez mais preocupados com essas negociações, que normalmente ocorrem nos países mais pobres do mundo e impactam suas populações mais vulneráveis, os pequenos fazendeiros.Varios analistas alertan cada vez con más frecuencia que tales manejos de las tierras se llevan a cabo en los países más pobres del mundo, afectando directamente a sus poblaciones más vulnerables: los pequeños agricultores.
6Os benefícios raramente alcançam a maioria da população, em parte pela falta de transparência nas transações.Por otro lado, los beneficios para la población general resultan mínimos, en parte debido a la falta de transparencia propia de este tipo de negociados.
7En otro informe realizado por la ONG Global Witness, titulado Dealing with Disclosure (Negociando abiertamente) [en], se resalta la imperiosa necesidad de transparencia durante la elaboración de los contratos de compra y venta de tierras.
8Um relatório adicional elaborado pela Global Witness (organização envolvida em questões ambientais e de direitos humanos), intitulado Dealing with Disclosure [en] [Negociando sem Segredos], enfatiza a premente necessidade de transparência nas negociações envolvendo terras.El objetivo: las naciones más pobres del mundo El informe de Global Witness ofrece una lista de 754 casos identificados de venta de tierras, la mayoría de las cuales se produjo en países africanos, abarcando un total aproximado de 56,2 millones de hectáreas.
9Alvos são as nações mais pobres do mundoLos países más afectados por la venta de tierras a extranjeros.
10O relatório da Global Witness informa que foram identificadas 754 negociações de terras, abrangendo 56,2 milhões de hectares e a maioria dos países africanos.Fuente: Land Matrix Project Los territorios en los que estos negocios abundan suelen pertenecer a algunas de las naciones más pobres del mundo.
11Países-alvos para negociações de venda de terras, com dados do Land Matrix ProjectLos países más afectados son Mozambique (92 casos), Etiopía (83), Tanzania (58) y Madagascar (39).
12Algunos de dichos negociados ocuparon titulares destacados en los medios de comunicación, dado que su verdadero objetivo era controlar las importaciones de alimentos en momentos en que las regiones implicadas enfrentaban graves crisis alimentarias.
13A ONG GRAIN já explicou em detalhes a essência de suas preocupações em um extenso relatório [en] publicado em 2008:En un detallado informe presentado en 2008 por la ONG GRAIN, se precisa la verdadera causa de preocupación:
14Atuando em conjunto, as crises financeira e de alimentos desencadearam uma nova corrida global pela tomada hostil de terras.Las actuales crisis alimentaria y financiera, juntas, desencadenaron un nuevo ciclo mundial de apropiación de tierras.
15Por um lado, “países sem segurança alimentar”, que dependem de importações para alimentar a população, estão avançando sobre vastas áreas de fazendas no exterior para produzir alimentos fora do país.Los gobiernos con “inseguridad alimentaria”, que dependen de las importaciones para alimentar a sus pueblos, se están adueñando rápidamente de tierras agrícolas extranjeras que les permitan producir sus propios alimentos fuera del país.
16Por outro lado, as corporações do ramo de alimentos e os investidores privados, famintos por lucros em meio à crise financeira que se aprofunda, vêem no investimento em fazendas no exterior uma importante fonte de novos dividendos.Las corporaciones de venta de alimentos y los inversionistas privados, ávidos de ganancias en medio de la profundización de la crisis financiera, encuentran en la inversión en tierras agrícolas extranjeras una nueva e importante fuente de ingresos.
17Disso resulta que terras férteis vêm sendo progressivamente privatizadas e concentradas [nas mãos de poucas pessoas].Como resultado, las tierras agrícolas fértiles son privatizadas y concentradas cada vez en menos manos.
18Se esses acontecimentos forem ignorados, o problema global da tomada hostil de terras pode significar o fim da agricultura de pequena escala e de subsistência em vários lugares do mundo.De continuar este proceso, el acaparamiento mundial de tierras podría significar el fin de la agricultura de pequeña escala y del campo como medio de vida y sustento en varias regiones del planeta.
19No Malawi, as negociações envolvendo terras tornaram-se prevalentes em detrimento dos fazendeiros locais.En Malawi, la venta de tierras se incrementa sin cesar, perjudicando directamente a los agricultores locales.
20Um relatório de Bangula explica os desafios [en] enfrentados pela fazendeira malauiana Dorothy Dyton e sua família:En un informe realizado en Bangula se describen los desafíos que enfrentan los agricultores malauíes [en]. Este es el caso de Dorothy Dyton y su familia:
21Como a maioria dos pequenos agricultores no Malawi, eles não tinham o título de propriedade da terra onde Dyton nasceu, e, em 2009, ela e outros dois mil agricultores de subsistência da região foram informados por um chefe local que a terra havia sido vendida e eles não poderiam mais cultivá-la.Al igual que la mayoría de los agricultores minifundistas de Malawi, no contaban con los títulos de propiedad de la tierra en la que Dyton nació y, en 2009, el jefe local le informó a ella y a unos 2.000 agricultores más que poblaban el área, que las tierras que ocupaban habían sido vendidas y que ellos ya no podrían cultivar allí.
22[…] Desde aquela época, disse Dyton, “a vida tem sido bastante difícil”.[…] Desde entonces, cuenta Dyton, “la vida se volvió muy dura para nosotros”.
23Com uma game reserve [uma combinação de parque e área de caça, ver notas] de um lado da comunidade e o rio Shire e a fronteira com Moçambique do outro, não há nenhum outro pedaço de terra disponível para eles cultivarem e a família agora se sustenta vendendo lenha que coleta em uma floresta nas proximidades.Dado que la comunidad está “encerrada” entre un coto de caza, el río Shire y la frontera de Mozambique, no tiene acceso a otras tierras cultivables. Hoy, los miembros de la familia de Dyton sobreviven a duras penas gracias a la venta de leña que obtienen de un bosque cercano.
24Obra em Madagascar.Preparación de la tierra en Madagascar.
25Foto de Foko Madagascar, utilizada com permissão do autor.Fotografía por Foko Madagascar, publicada con permiso del autor.
26Os fazendeiros em Madagascar compartilham preocupações similares porque não detêm a posse das terras que cultivam e uma reforma agrária efetiva ainda não foi implementada.Los agricultores de Madagascar comparten inquietudes similares, ya que tampoco poseen títulos de propiedad de las tierras que cultivan, y sus gobiernos no han implementado aún una reforma efectiva para la tenencia de la tierra.
27A associação local Terres Malgaches tem estado à frente das ações de proteção das terras em prol da população local e informa [fr] o seguinte:La asociación malgache Terres Malgaches encabeza las acciones de protección de las tierras para la población local. En sus informes aseguran que [fr]:
28As famílias da região normalmente não têm documentos de posse que lhes permitam proteger suas terras contra a tomada hostil.Las familias malgaches no poseen la documentación necesaria para garantizar la propiedad de las tierras en las que viven.
29De fato, desde os tempos de colônia, uma pessoa precisa passar por 24 etapas, esperar seis anos em média e gastar cerca de 500 dólares para conseguir essa documentação.De hecho, desde la época colonial, para poder obtener tal documentación se requiere atravesar un proceso de aproximadamente 24 pasos que conlleva casi 6 años de duración y puede demandar hasta 500 dólares estadounidenses.
30Há apenas 33 agências no país que entregam esses papéis, isso para um país com 589 mil metros quadrados de área.En el mundo entero existen solo unos 33 organismos capaces de otorgar este tipo de documentos a los habitantes de un país de 589.000 kilómetros cuadrados […].
31[…] As terras de Madagascar estão em risco diante do aumento da tomada de terras e esse certificado é o único documento válido para instruir uma ação na justiça na hipótese de conflito.Frente a la creciente captación de tierras que amenaza hoy a Madagascar, este certificado es el único documento que podría habilitar una acción legal en caso de conflicto.
32A associação também relata as práticas de uma mineradora chamada Sheritt, em Ambatovy, que criaram rebuliço na blogosfera local por conta das ameaças ambientais [en] à população local e de más práticas comerciais (via MiningWatch Canada [en]):La asociación también informa acerca de la actividades que realiza una explotación minera de la empresa Sheritt en Ambatovy. Sheritt es reconocida en el ámbito de la blogósfera local debido a sus malas prácticas comerciales y a las preocupaciones medioambientales [en] que provoca entre las poblaciones locales afectadas (fuente: MiningWatch Canada [en]):
33O projeto da Sherritt International no leste de Madagascar - com custo de construção de 5,5 bi de dólares e programado para entrar em produção neste mês - será composto por uma série de minas a céu aberto (..) será fechado em 29 anos.El proyecto que lleva a cabo Sherritt International en Ambatovy, al este de Madagascar -con un costo de infraestructura de $5,5 mil millones, y cuya puesta en funcionamiento pleno fue programada para este mes de mayo- incluye una gran cantidad de minas a cielo abierto (…) y se mantendría en funcionamiento durante 29 años.
34Já há muitas preocupações sobre as minas por parte de milhares de pessoas que vivem nas proximidades.Los miles de habitantes locales que viven cerca de la nueva explotación ya se muestran sumamente preocupados por el proyecto.
35Elas afirmam que seus campos estão destruídos; a água está suja; os peixes dos rios estão mortos e houve desmoronamentos próximos à vila.Dicen que sus campos son destruidos, el agua está sucia, los peces de los ríos aparecen muertos y se han producido deslizamientos de tierra en sectores cercanos al pueblo.
36Durante os testes da nova planta, houve pelo menos quatro vazamentos de dióxido sulfúrico da instalação hidro-metalúrgica e os moradores dizem que pelo menos dois adultos e dois bebês morreram e outras 50 pessoas adoeceram.Durante las pruebas de funcionamiento de la nueva planta se produjeron al menos cuatro filtraciones diferentes de dióxido de azufre provenientes de la planta hidrometalúrgica, y los habitantes sostienen que al menos dos adultos y dos bebés murieron por envenenamiento, y que al menos 50 personas más están ahora enfermas.
37Em janeiro, operários que trabalharam na construção do projeto de Ambatovy iniciaram uma greve [não sindicalizada], reclamando que os empregos prometidos durante as obras nunca se concretizaram.En enero, algunos obreros de Ambatovy que fueron despedidos por la empresa comenzaron una huelga no autorizada argumentando que la empreza prometió contratarlos una vez terminada la obra, pero no lo hizo.
38O povo de cidades próximas, como Moramanga, afirma que suas filhas estão cada vez mais envolvidas na prostituição.La población de ciudades cercanas, como Moramanga, afirma que sus hijas son empleadas en forma creciente como prostitutas.
39Testemunho em vídeo de um trabalhador de Ambatovy.Video [fr] con el testimonio de un empleado en Ambatovy.
40Soluções para a população local?¿Soluciones para la población local?
41A difícil situação dos fazendeiros de Madagascar pode estar em lenta mutação, no entanto.La grave situación que enfrentan los agricultores malgaches podría estar cambiando lentamente.
42O debate sobre a reforma agrária está andando, de acordo com esta notícia [en]:Según este informe [en], las conversaciones por una reforma de la tenencia de la tierra están progresando:
43De acordo com um paper apresentado na Conferência Internacional sobre a Tomada Hostil de Terras no Mundo, realizada em 2011, cerca de 50 projetos de agronegócios foram anunciados entre 2005 e 2010, dos quais cerca de 30 ainda estão ativos, abrangendo uma área total de 150 mil hectares.De acuerdo a un escrito [en] presentado en la Conferencia Internacional sobre Acaparamiento de Tierras (Global Land Grabbing) de 2011, entre los años 2005 y 2010 se anunciaron unos 50 proyectos agropecuarios, 30 de los cuales continúan en actividad y cubren un área total aproximada de 150.000 ha.
44Os projetos incluem fazendas (plantations) para produzir biocombustíveis a partir da cana-de-açúcar, mandioca e pinhão-manso.Estos proyectos incluyen plantaciones para obtener biocombustibles a partir de caña de azúcar, mandioca y jatrofa.
45Para prevenir os impactos negativos da tomada de terras, (a ONG) EFA montou modelos [de negócios com critérios] sociais para os investidores, com financiamento pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (UNDP).Para detener los efectos negativos del acaparamiento de tierras, (la ONG) EFA, financiada por el Programa de las Naciones Unidas para el Desarrollo (PNUD), estableció modelos sociales para inversores.
46O objetivo é ajudar os investidores a negociarem com os moradores das regiões afetadas pelos projetos que desejam implementar, como uma maneira de evitar futuros problemas.El objetivo es ayudar a los inversores a negociar con los habitantes de las áreas en las cuales desean implementar sus proyectos, de modo de prevenir problemas futuros.
47Joachim Von Braun, que trabalhou no Instituto Internacional de Políticas de Alimentos (IFPRI), escreveu [en] o seguinte a respeito dos negócios envolvendo terras:Joachim Von Braun, ex miembro del Instituto Internacional de Investigación sobre Políticas Alimentarias (IFPRI, por sus siglas en inglés), se expresó en relación a los negocios por las tierras de la siguiente manera [en]:
48É interesse de longo prazo de investidores, governos anfitriões, e populações afetadas garantir que os arranjos sejam adequadamente negociados, que as práticas sejam sustentáveis, e que os benefícios sejam compartilhados.Estos acuerdos se negocian adecuadamente teniendo en cuenta los intereses a largo plazo de los inversionistas, los gobiernos locales y la población aledaña implicados. Las prácticas que llevamos a cabo son sustentables y los beneficios obtenidos son compartidos.
49Por conta da natureza transnacional desses arranjos, não há um único mecanismo institucional capaz de garantir esse resultado.Dado que la naturaleza de tales acuerdos es transnacional, ningún mecanismo institucional podría garantizar tales resultados por sí solo.
50Ao contrário, a combinação do direito internacional, das políticas governamentais, e o engajamento da sociedade civil, da mídia e das comunidades locais é necessária para minimizar as ameaças e materializar os benefícios.Lo que se necesita, en cambio, es una combinación de leyes internacionales, políticas gubernamentales y el involucramiento de la sociedad civil, los medios y las comunidades locales, de modo de minimizar las amenazas y materializar los beneficios.
51A necessidade de transparência na venda de terras também é enfatizada [en] por Megan MacInnes, ativista sênior da Global Witness para as questões de terras:La necesidad de transparencia en los procesos de compra y venta de tierras es también enfatizada por Megan MacInnes [en], una de las principales defensoras de la campaña por las tierras de Global Witness:
52Muita gente está sendo mantida no escuro a respeito das vendas de grandes porções de terras que poderiam destruir os seus lares e meios de subsistência.Demasiadas personas ignoran los negocios que incluyen enormes cantidades de tierras y que podrían destruir sus viviendas y sus medios de vida.
53Já está bem entendido que isso precisa mudar, mas, como fazê-lo, não.Todos entienden que esto debe cambiar, pero la manera de realizar ese cambio no es clara.
54Pela primeira vez, este relatório (Dealing with Disclosure/Negociando sem Segredos) [en] expõe em detalhes as ferramentas que governos, empresas e cidadãos podem aproveitar para remover o manto de sigilo que cobre a aquisição de terras.Por primera vez, este informe (Dealing with Disclosure [en]) propone en detalle las herramientas que los gobiernos, las empresas y los ciudadanos podrían adoptar para descorrer el velo de secretos que cubre a los procesos de adquisición de tierras.
55Isso demanda lições aprendidas nos esforços para aumentar a transparência em outros setores bem como uma análise sobre o que poderia funcionar para a questão das terras.Para aumentar la transparencia en otros sectores es necesario aprender de los esfuerzos realizados y observar todo lo que implica el trabajo por la tierra.
56São as empresas que deveriam ter que provar que não causam danos, e não as comunidades - pouco informadas e empoderadas - terem de demonstrar que uma negociação envolvendo terras as afetará negativamente.Los encargados de demostrar que realmente no están generando daños son las empresas, y no las comunidades con un acceso restringido a la información y sin el poder necesario para demostrar que la venta de sus tierras los está afectando negativamente.