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1Brasil: Blogueiros discutem o racismo no paísBrasil: Bloggers explican las razones por las que todavía hay racismo en el país
2Há duas semanas, o Global Voices contou a história de Januário Alves de Santana, um homem negro que foi espancado por seguranças de uma das maiores lojas de departamento internacionais no Brasil.Hace algunos días, Global Voices Online informó sobre la historia de Januário Alves de Santana, un hombre negro que fue golpeado por guardias de seguridad de una de las mayores tiendas internacionales en Brasil.
3Ele esperava por sua família no estacionamento do supermercado quando foi acusado de tentar roubar seu próprio carro, sob o argumento de que, por ser negro, ele não teria condições de possuir um carro de luxo.Estaba esperando a su familia en el estacionamiento de un supermercado cuando lo acusaron de robar su propio auto, bajo el argumento que, por ser negro, no era capaz de tener el dinero para un auto de lujo.
4O fato reacendeu o sempre polêmico e caloroso debate sobre o racismo no Brasil (siga este link para um post anterior do Global Voices sobre esse assunto) e inspirou muitos posts em blogs, a maioria dos quais repudiando o pensamento da classe média de que o racismo não existe no país, e que os problemas das classes sociais são a verdadeira razão para casos como os de Januário.Esto avivó el siempre acalorado y controvertido debate sobre racismo en Brasil (seguir este enlace para ver un post anterior de Global Voices sobre el tema) e inspiró muchos posts de blogs, la mayoría de ellos de repudio hacia la idea de las clases superiores que sostiene que en Brasil no existe racismo y que los temas de clase social son las verdaderas razones para casos como el de Januário.
5Em 11 de setembro, estudantes e funcionários da Universidade de São Paulo, onde Januário Alves de Santana trabalha, reuniram-se para discutir como o racismo está presente no cotidiano.El 11 de setiembre, estudiantes y trabajadores de la Universidad de São Paulo, donde trabaja Januário Alves de Santana, se reunieron para discutir cómo el racismo sigue presente en la vida diaria.
6A mesa redonda “Racismo, Violência e Globalização” denunciou: “Carrefour agride negro brasileiro: eis o ano da França no Brasil”.La mesa redonda “Racismo, violencia y globalización” declaró: “Carrefour ataca a hombre negro brasileño: ese es el año de Francia en Brasil”.
7O blog Pão e Rosas nos traz fotos do evento e comentários:El blog Pão e Rosas nos trae [pt] fotos del acto y comenta:
8Todas as falas enfatizaram que o caso não é isolado, mas expressa sim como o racismo ainda é uma marca profunda da sociedade em que vivemos.Todo los discursos enfatizaron que el caso [de Januario] no es el único, sino uno que expresa la forma en que el racismo sigue siendo una profundo marca en la sociedad en que vivimos.
9Nós do Pão e Rosas nos colocamos de pé, ao lado de Januário e todos os negros e negras que sofrem com o racismo e a violência policial.Nosotros en [el blog] Pão e Rosas estamos al lado de Januário y de todos los hombres y mujeres negros que sufren por el racismo y la violencia policial.
10Do mesmo modo, nos colocamos ao lado dos moradores das favelas que têm se manifestado contra a repressão da polícia , como em Heliópolis na semana passada.De la misma manera, estamos al lado de los habitantes de las barriadas que se han estado manifestandose en contra de la represión policial, como la semana pasada en Heliópolis.
11A realidade impõe que nos levantemos!¡La realidad requiere que nos levantemos!
12O discurso de Januário durante o debate na USP.Discurso de Januário durante el debate en la USP
13Alex Castro, do blog Liberal, Libertário e Libertino, fala sobre a questão do racismo meticulosamente e aponta um fato alarmante no que tange a historicidade racial do Brasil ao dizer que o problema é, na verdade, que a sociedade é vazia de conflitos raciais:Alex Castro, del blog Liberal, Libertário e Libertino [pt], aborda muy meticulosamente el tema del racismo y señala un hecho alarmante de la historia racial de Brasil al decir que el problema es que, de hecho, la sociedad carece de conflicto racial:
14No Brasil, nunca houve leis racistas proibindo negros de ingressarem em restaurantes, hotéis, tribunais porque a própria estrutura socioeconômica perversa já era garantia mais do que suficiente de que negros somente entrariam nesses ambientes pra varrer o chão e servir café.En Brasil, nunca ha habido leyes racistas que prohíban a los negros entrar a restaurantes, hoteles, tribunales, etc. porque su propio perverso marco socio-económico de trabajo es una garantía más que suficiente de que los negros solamente entrarán en tales lugares si es para barrer el piso o para servir café.
15O Brasil é tão arraigadamente racista que nunca nem precisou de leis racistas para manter seus negros em posição totalmente inferiorizada.Brasil es de hecho tan racista que ni siquiera ha requerido nunca de leyes para mantener a sus negros en su posición totalmente inferior.
16Seu post também foi divulgado no blog da Rachel Glickhouse, o Adventures of a Gringa [en], e alguns leitores responderam às suas indagações.El post también fue presentado por Rachel Glickhouse en su blog Adventures of a Gringa, y unos cuantos lectores respondieron a sus opiniones.
17Por exemplo, Roger Penguino comentou:Por ejemplo, Roger Penguino comentó [pt]:
18Para aqueles que sempre pensaram que no Brasil não ocorre problemas raciais, aqui encontra-se um ponto de partida para nova reflexão sobre a realidade.Para los que siempre han pensado que no hay temas raciales en Brasil, aquí hay un punto de partida desde el cual pueden volver a pensar en la realidad.
19Sempre ouvi de amigos Americanos que no Brasil “everyone just gets along” e sempre foi difícil explicar a complexa e sistemática institucionalização do racismo brasileiro.Siempre he escuchado de amigos estadounidenses que en Brasil “todos simplemente se las arreglan” y siempre ha sido difícil explicar la compleja y sistemática aceptacion del racismo brasileño.
20Muitos ao olharam para população brasileira dizem ver uma mistura racial maior que de outros grandes países, mas claro que deixam de perceber os milhares que lutam contra si mesmos porque nesta mistura aprenderam a odiar sua própria condição.Mientras que viendo a los brasileños, muchos dicen que ven una mayor mezcla de razas que en otros países, por supuesto no ven a los miles que se pelean contra si mismos porque en este crisol han aprendido a odiar su propia condición.
21Em junho deste ano, Lucrécia Paco, uma das maiores atrizes de Moçambique, que atuava em uma peça na cidade de São Paulo, sofreu racismo quando acidentalmente empurrou uma mulher branca na fila de uma agência de câmbio em um shopping.En junio de este año, Lucrécia Paco, una de las actrices mozambiqueñas más grandes que estaba actuando en una obra representada en São Paulo, sufrió por racismo cuando accidentalmente se chocó con una mujer blanca en la cola de una agencia de cambio de dinero en un centro comercial.
22Leonardo Sakamoto do Blog do Sakamoto e o blog Viomundo republicaram e comentaram a notícia trazida a público pela Revista Época.Leonardo Sakamoto del Blog do Sakamoto [pt] y el blog Viomundo [pt] volvieron a publicar y comentar en el artículo que originalmente se publicó en la Revista Época [pt].
23Na ocasião, a mulher apontou Lucrécia como uma potencial assaltante, e gritou pela polícia da imigração.En esa ocasión, la mujer señaló a Lucrécia como una potencial asaltante y gritó llamando a la policía de migraciones.
24Lucrécia reagiu, e gritou para a mulher dizendo que muitos brasileiros vão morar em Moçambique, mas em vez de serem maltratados são recebidos de braços abertos.Lucrécia reaccionó gritándole a la mujer que había muchos brasileños que van a vivir a Mozambique, pero en vez de ser maltratados, se les recibe con los brazos abiertos.
25A jornalista Eliane Brum, que entrevistou Lucrécia Paco, relatou:La periodista Eliane Brum, que entrevistó a Lucrécia Paco, informó:
26Lucrécia não consegue esquecer.Lucrécia simplemente no puede olvidarlo.
27“Não pude dormir à noite, fiquei muito mal”, diz.“No pude dormir esa noche, de verdad estaba impactada” dice.
28“Comecei a ficar paranoica, a ver sinais de discriminação no restaurante, em todo o lugar que ia.“Empecé a volverme paranoica, a ver señales de prejuicio en los restaurantes, [y] a todos los lugares a los que iba.
29E eu não quero isso pra mim.”Y no quiero eso para mí”.
30Em seus 39 anos de vida dura, num país que foi colônia portuguesa até 1975 e, depois, devastado por 20 anos de guerra civil, Lucrécia nunca tinha passado por nada assim.En sus duros 39 años, en un país que fue colonia portuguesa hasta 1975 y, después de eso, devastado por una guerra civil que duró 20 años, Lucrécia nunca había pasado por nada como esto.
31“Eu nunca fui discriminada dessa maneira”, diz.“Nunca me habían discriminado así”, dice.
32“Dá uma dor na gente. ”“Duele mucho”.
33Glória Cabo, uma leitora do Blog do Sakamoto comentou a entrevista.Glória Cabo, lectora del Blog do Sakamoto comentó en la entrevista.
34Ela contou seu próprio testemunho de família sobre o porquê dos brasileiros cultivarem o racismo:Añadió su propio testimonio familiar de por qué los brasileños cultivan el racismo:
35No Brasil não só é difícil ser negro, como também: nordestino, pobre, tatuado, gay, punk, feio.En Brasil no es difícil solamente ser negro, sino también ser del noreste, pobre, tener tatuajes, ser gay, punk, feo.
36Nem as loiras escapam… Mas, de onde vem esse preconceito?Ni siquiera los rubios se libran de esta lista… pero, ¿de dónde viene este prejuicio?
37E como acabar com ele?¿Cómo le ponemos fin?
38A origem do problema, no meu ponto de vista está nas nossas próprias origens.A mi parecer, la raíz del problema está en nuestras propias raíces.
39Somos descendentes de europeus preconceituosos, retrógrados e antiquados.Somos descendientes de europeos prejuiciosos, retrógrados y anticuados.
40Eu como filha de europeus, convivi com racismo explicito de meus pais, com comentários absurdos de que meu pai não queria ter um “negrinho” o chamando de avô.Como hija de europeos, he vivido con el racismo explícito de mis padres, con absurdos comentarios de mi padre diciendo que no le gustaría que un “negrito” lo llame abuelo.
41Eu mesma, confesso, que já tive pensamentos racistas.Confieso que he tenido pensamientos racistas.
42Mas, com a maturidade, analisei meus preconceitos e descobri que não eram meus, e sim uma herança pobre e sem sentido herdada de pais preconceituosos.Pero, con madurez, he reflexionado sobre mis prejuicios y he descubierto que no eran míos, sino un legado pobre y sin sentido de mis prejuiciosos padres.
43Buscar a origem do racismo, analisar que diferenças são normais e necessárias, isso faria toda a diferença.Buscar el origen del racismo, analizar que las diferencias son normales y necesarias; eso haría las cosas muy diferentes.
44Pedro Turambar do blog O Crepúsculo cita outro caso presenciado por ele mesmo enquanto fazia compras no Carrefour e que considera racismo.Pedro Turambar del blog O Crepúsculo [pt] cita otro caso que presenció mientras compraba en Carrefour y que él considera racismo.
45A funcionária da loja pediu a uma mulher negra que confirmasse que ela era a dona do cartão de crédito do qual usara para pagar por suas compras.La asistenta de la tienda le pidió a una mujer negra que confirmara que ella era la titular de la tarjeta de crédito que estaba usando para pagar sus compras.
46Pedro sugeriu que a funcionária somente pediu a confirmação por causa da quantidade das compras que a mulher fez.Pedro sugería que la asistenta solamente pedía la confirmación debido al monto de la mercadería que la mujer estaba comprando.
47A mulher negra era, na verdade, empregada doméstica, e sua empregadora, uma senhora branca que estava distante no momento, veio em direção à funcionária gritando “Isso é preconceito!En realidad, la mujer negra era un ama de llaves y su empleadora, una anciana blanca que no estaba en la cola en ese momento, se acercó a la asistenta gritando “¡Esto es prejuicio!
48Isso é discriminação racial!”.Esto es discriminación racial”.
49Ele diz:Dice:
50O trabalho dela é perguntar e pedir a identidade. […].Su trabajo es pedir la confirmación y la cédula de identidad.
51DESDE QUE ELA FAÇA ISSO COM TODO MUNDO.EN TANTO LO HAGA CON TODOS.
52Mas tanto você quanto eu, sabe que isso não acontece e não foi por isso que a moça pediu para a empregada provar que era titular do cartãoPero los dos sabemos que eso no pasa así y que esa no era la razón por la que la asistenta le pidió al ama de llaves que probara que ella era la titular de la tarjeta.
53E completa:Y agregó:
54Eu iria pagar a conta com o cartão de crédito do meu irmão e tinha certeza que o caixa não iria me perguntar se eu era o titular do cartão.Iba a pagar mi compra con la tarjeta de crédito de mi hermano y yo estaba seguro que la cajera no iba a preguntarme si yo era el titular de la tarjeta.
55Dito e feito.Dicho y hecho.
56Paguei com um cartão de uma conta da qual não sou titular, mas como sou branco, gordinho, fofinho bonitinho, jamais pensariam que eu roubei o cartão para comprar meia dúzia de produtos de limpeza.Pagué con una tarjeta de una cuenta bancaria que no es mía, pero como soy blanco, gordito, mullido y lindo, nunca pensarían que he robado una tarjeta de crédito para comprar una docena de productos de limpieza.
57O melhor foi o medo que eu coloquei no caixa que me atendeu.Lo mejor fue el miedo del cajero que registró mi compra.
58Ele ironicamente e sarcasticamente comentava o fato, e quando o cara do casal de trás disse brincando “Eu não to pagando com meu cartão não em!Estaba comentando la situación irónica y sarcásticamente, y cuando el tipo de la pareja que estaba detrás de mí en la cola bromeó “no estoy pagando con mi tarjeta de crédito, ¡ok!
59e se você falar que não é meu eu subo aqui em cima e fico louco”, o caixa morreu de rir.y si dice que no es mía me paro acá [módulo del que atiende] y me vuelvo loco!”, el que atendía se rió disimuladamente.
60Até que eu disse que o cartão que eu acabara de pagar não era meu.Entonces dije que la tarjeta de crédito que acababa de usar no era mía.
61Disse isso rindo também, por isso ele achou que era brincadeira, até que eu fechei a cara e repeti “O cartão não é meu.Me reí también, porque él pensó que era una broma, entonces me puse serio y repetí “La tarjeta no es mía.
62Mesmo. Eu não me chamo Daniel.”De verdad que no. Yo no soy ‘Daniel. ”.
63Ele olhou para mim e viu que eu falava sério.Me miró y se dio cuenta de que hablaba en serio.
64Engoliu o riso e claramente ficou com medo.Se tragó su sonrisa y le dio miedo.
65Eu apenas disse “A mulher tá certa.Solamente dije “La anciana tiene razón.
66Certíssima em dizer que foi preconceito, porque foi.Tiene razón cuando dice que era prejuicio, porque lo era.”
67”, me despedi do casal - que olhava para mim com uma cara de júbilo - peguei as compras e fui embora.Dije adiós a la pareja -que me miraba fijamente con regocijo- agarré mis bolsas y me fui.
68Finalmente, um comentário no post do Alex Castro é digno de nota.Finalmente, vale la pena destacar un comentario en el post del blog de Alex Castro.
69A leitora Te claramente diz:El lector Te claramente dice:
70É mesmo, no Brasil faz falta uma Rosa Parks. […]Ciertamente, necesitamos alguien como Rosa Parks en Brasil. […]
71A campanha Onde você guarda seu racismo? apresenta vários depoimentos reais de racismo no Brasil.La campaña en video ¿Dónde guardas tu racismo? presenta muchos testimonios verdaderos de racismo en Brasil.
72Foi produzida como uma campanha pública contra o racismo por Diálogos contra o Racismo (pela igualdade racial), um grupo de mais de 40 organizações da sociedade civil dedicados à erradicação da pobreza e desigualdade e para estimular debates em escolas, bairros, escritórios, clubes e famílias sobre as relações raciais e como modificá-las.Fue producido para una campaña pública en contra del racismo por Diálogos contra o Racismo (pela igualdade racial), un grupo de más de 40 organizaciones de la sociedad civil dedicadas a erradicar la pobreza y la desigualdad y para estimular debates en colegios, barrios, lugares de trabajo, clubs y viviendas acerca de las relaciones raciales y cómo cambiarlas.