# | por | spa |
---|
1 | Brasil: Quilombo Rio dos Macacos em Vias de Expulsão | Brasil: Quilombo del estado de Bahía al borde del desalojo |
2 | Nota do editor: leia a continuação desta história em Brasil: Quilombo Rio dos Macacos Resiste a Cerco Policial | |
3 | Uma das comunidades mais antigas de descendentes de escravos no Brasil, o Quilombo Rio dos Macacos, onde moram e vivem cerca de 50 famílias, tem data marcada para a sua expulsão: 4 de março de 2012. | Las 50 familias que integran el quilombo* Rio dos Macacos, una de las comunidades de descendientes de esclavos más antiguas de Brasil, serán desalojadas el día 4 de marzo de 2012. |
4 | A reivindicação das terras é feita pela Marinha do Brasil, que pretende expandir um condomínio para os seus oficiais naquele território da região limítrofe entre Salvador e Simões Filho, no estado da Bahia. | Sus tierras son reclamadas por la Marina de Brasil, que intenta ampliar un área residencial para sus oficiales en el mismo terreno que ocupa la comunidad, ubicado en la frontera entre Salvador y Simões Filho, en el estado de Bahía. |
5 | Vários movimentos sociais têm-se manifestado contra os “flagrantes desrespeitos aos direitos humanos fundamentais” motivados pelo que alguns descrevem como “racismo institucional“. | Varios movimientos sociales se han manifestado en contra [pt] de esta “flagrante falta de respeto por derechos humanos fundamentales”, motivada por lo que algunos describen como “racismo institucional” [pt]. |
6 | A comunidade conta com “pessoas com mais de 100 anos que nasceram no mesmo local onde vivem até hoje”, e que “dizem que não se deixarão expulsar”. | Dentro de la comunidad [pt] hay “personas de más de 100 años de edad que nacieron y vivieron toda su vida en ese lugar”, y que afirman [pt] que “no permitirán ser desalojadas”. |
7 | Irmãs que nasceram e cresceram na Comunidade, com 110 e 84 anos. | Hermanas que nacieron y crecieron en la comunidad, de 110 y 84 años de edad respectivamente. |
8 | Foto de Racismo Ambiental (CC BY-NC 2.5 BR). | Fotografía de Racismo Ambiental (CC BY-NC 2.5 BR). |
9 | Num filme publicado pelo coletivo Bahia na Rede, membros da comunidade denunciam “que estão presos na área controlada pelos militares, tem dificuldades de sair e entrar e estão sofrendo ameaças cotidianas de despejo e de agressões em uma área reconhecida e titulada pela Fundação Palmares [instituição pública vinculada ao Ministério da Cultura que tem a finalidade de promover e preservar a cultura afro-brasileira] como território quilombola”: | En un breve documental publicado por la asociación Bahia na Rede [pt], algunos miembros de la comunidad denuncian [pt] “que están atrapados en un área cuyo acceso está siendo controlado por militares, que están teniendo dificultades para ingresar y salir de la zona y que sufren amenazas de desalojo y agresiones todos los días, en un área reconocida por la Fundación Palmares [institución pública [pt] ligada alMinisterio de Cultura cuyo fin es promover y preservar la cultura afro-brasileña] como territorio quilombola”: |
10 | sob regime de tensão e violência, aterrorizados: [os quilombolas] garantem que passam a noite acordados com medo de morrer (soldados passeiam à noite toda pelas suas roças) e têm medo de sair pois quando voltar poderão encontrar a casa derrubada. | Sometidos a tensión y violencia, y aterrorizados: [los quilombolas] aseguran que pasan la noche en vela temiendo su muerte (los soldados caminan toda la noche alrededor de sus cultivos) y que no salen de sus casas por miedo a encontrar sus pertenencias destrozadas al regresar. |
11 | O acesso à comunidade é controlado pelo portão de entrada da Vila Militar, um condomínio de residências de sub-oficiais da Marinha; e os conflitos vêm, sobretudo, com a construção desta Vila, a partir de 1971. | Además, el acceso a la comunidad se encuentra bajo control militar, ya que para ingresar es necesario atravezar el portón de entrada de la Villa Militar, un área residencial para suboficiales de la Marina. Desde que comenzó la construcción de esta villa, en 1971, los conflictos se han agravado paulatinamente. |
12 | As famílias da área foram removidas e desalojadas. Hoje estão proibidas de plantar e sendo expulsas da área. | Varias familias de la zona fueron desalojadas y desplazadas; actualmente se les prohibe sembrar y están siendo expulsadas del área. |
13 | A terra é um direito | La tierra es un derecho |
14 | Descendentes de povos originários de África que durante o colonialismo foram levados das suas terras para se tornarem escravos no Brasil, os quilombolas vêem-se agora ameaçados a perder de novo o seu chão, apesar do direito à terra que habitam consagrado na constituição. | Los quilombolas, descendientes de africanos que fueron apartados de sus tierras, esclavizados y trasladados a Brasil por la fuerza durante la época colonial, se encuentran bajo una nueva amenaza de perder sus hogares a pesar del derecho a la tierra que les confiere la Constitución Nacional. |
15 | O representante da Associação de Advogados de Trabalhadores Rurais (AATR), Pedro Diamantino, num “Ato de apoio à comunidade quilombola rio dos Macacos”, que decorreu no dia 6 de fevereiro, explicou o enquadramento: | Durante un “Acto en apoyo a la comunidad quilombola Rio dos Macacos”, que tuvo lugar el día 6 de febrero, el representante de la Asociación de Abogados de Trabajadores Rurales (AATR), Pedro Diamantino, describió [pt] el marco legal: |
16 | "Demarcação e titulação dos territórios indígenas e quilombolas já!" | “¡Demarcación y títulos de propiedad de territorios indígenas y quilombolas ya!” |
17 | Ação direta pela Resistência Quilombola no Fórum Social Temático em Porto Alegre, Janeiro de 2012. (Imagem com link para vídeo do Coletivo Catarse) | Acción directa de Resistencia Quilombola en el Foro Social Temático realizado en Porto Alegre, en enero de 2012 (la imagen incluye enlace a video, de Coletivo Catarse). |
18 | o artigo 68 das disposições transitórias da CF [Constituição Federal] garante “aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras” a propriedade definitiva, porém este artigo até hoje não foi regulamentado, o que gera instabilidade jurídica. | El artículo 68 de las disposiciones transitorias de la Constitución Nacional de Brasil garantiza la propiedad definitiva de “las tierras que ocupan los miembros de las restantes comunidades quilombo”. Sin embargo, este artículo no ha sido regulado aún, y esto lo expone a una inestabilidad legal. |
19 | A demarcação de terras quilombolas atualmente está lastreada no decreto federal 4887/2003, que é um instrumento jurídico insuficiente para garantir a posse definitiva da terra. | Actualmente, la demarcación de tierras quilombolas se encuentra respaldada por el Decreto Nacional 4887/2003, que es un instrumento legal insuficiente para asegurar la posesión final de dichas tierras. |
20 | E o deputado federal Luis Alberto (PT) acrescentou que: | El diputado nacional Luis Alberto agregó [pt] lo siguiente: |
21 | tramitam na Câmara dos Deputados um projeto de emenda à Constituição Federal (CF) que pretende avocar para o poder legislativo a regularização das terras quilombolas - hoje à cargo da Fundação Palmares e do Incra - e outros projetos que pretendem anular todos os decretos em favor dos quilombos. | En la Cámara de Diputados se está tratando un proyecto de enmienda de la Constitución Nacional que podría dejar la regularización de las tierras quilombolas en manos del poder legislativo -los responsables actuales son la Fundación Palmares e INCRA- y otros proyectos que apuntan a la anulación de todos los decretos que favorecen a los quilombos. |
22 | As terras ocupadas pelo Quilombo Rio dos Macacos foram doadas pela prefeitura de Salvador à Marinha do Brasil em meados de 1960, tendo ficado registrada na ocasião a existência de moradores e ressalvada a responsabilidade da Marinha por quaisquer indenizações que decorressem da transferência de terra. | Las tierras que ocupa la comunidad quilombola Rio dos Macacos fueron donadas por la municipalidad de Salvador a la Marina de Brasil a mediados de la década de 1960. En aquel entonces, la existencia de habitantes fue registrada [pt] y la Marina se hizo responsable de cualquier tipo de compensación necesaria durante la transferencia de las tierras. |
23 | No final de 2009, foi proposta à Justiça a ação de despejo, deferida um ano mais tarde pelo juiz da 10ª Vara da Seção Judiciária da Bahia, e marcada para o dia 4 de novembro de 2011, exatamente 1 mês depois de ter sido publicado no Diário Oficial da União o certificado de reconhecimento de Rio dos Macacos como Comunidade Quilombola, da qual resultou uma Certidão de Auto Reconhecimento. | Hacia fines de 2009, la Marina presentó una propuesta de desalojo a la Justicia local. Un año después, el juez de la Sala 10ª del Tribunal Superior de Bahía la habilitó [pt]; el desalojo fue programado para el día 4 de noviembre de 2011 -exactamente un mes después que el Diário Oficial da União publicara el certificado en el que se reconoce a Rio dos Macacos como parte de la Comunidad Quilombola, y del cual derivó un Certificado de Auto Reconocimiento. |
24 | A ordem de despejo acabou sendo adiada por 4 meses pela Justiça Federal, mas até à data mantém-se o 4 de março de 2012 para a expulsão. | Finalmente, la Justicia Federal pospuso [pt] la orden de desalojo para el día 4 de marzo de 2012 (4 meses después). Todos somos el quilombo Rio dos Macacos |
25 | Sou Quilombo Rio dos Macacos | Todos somos el quilombo Rio dos Macacos. |
26 | Imagem no domínio público. | De dominio público. |
27 | O ano começou com um protesto do lado de fora do muro que cerca a Base Naval, e onde a Presidenta Dilma Rousseff passava uns dias de férias. | El año comenzó con una protesta alrededor de la Base Naval, donde la presidenta Dilma Rousseff pasaba sus vacaciones. Tania Lobo publicó una serie de fotografías de la protesta en Youtube. |
28 | Tania Lobo publicou no Youtube uma montagem de fotos do protesto em que os moradores traziam cartazes onde pode ler-se “Vai permitir isso Presidenta?”, “Marinha quer expulsar comunidade Quilombola Rio dos Macacos”, “Comunidade (…) pede solução justa, legal e imadiata” e “Marinha proibe a entrada INCRA na comunidade Rio dos Macacos”. | Allí es posible observar los carteles de los manifestantes, algunos de los cuales decían: “¿Ud. permitirá que esto suceda, presidenta?”, “La Marina quiere expulsar a la comunidad quilombola Rio dos Macacos”, “La comunidad (…) pide una solución justa, legal e inmediata”, y “La Marina prohíbe el ingreso del INCRA a la comunidad Rio dos Macacos”. |
29 | Entretanto, têm-se multiplicado as ações solidárias com a comunidade de Rio dos Macacos, como a declaração coletiva “Somos Quilombo Rio dos Macacos”, feita por diversas personalidades, músicos, poetas e ativistas dos movimentos da Bahia. | Mientras esto sucedía, se multiplicaban acciones solidarias tales como la declaración colectiva [pt] “Todos somos el quilombo Rio dos Macacos”, llevada a cabo por varias figuras públicas, músicos, poetas y activistas de distintos movimientos sociales de Bahía. |
30 | Uma página criada no Facebook com o mesmo nome, bem como inúmeros blogs, republicaram o manifesto da comunidade, exigindo: | El manifiesto de la comunidad fue publicado también en numerosos blogos y en una página de Facebook [pt] bajo el mismo nombre. Las demandas son: |
31 | providências imediatas por parte da Presidenta da República e pelo Ministro da Defesa, pelo fim da violação dos direitos humanos, pelo garantia dos direitos quilombolas e pela imediata regularização fundiária do Território da Comunidade Quilombola Rio dos Macacos | Una acción inmediata por parte de la presidenta de la República y el Ministro de Defensa para poner fin a las violaciones a los derechos humanos, asegurar los derechos de los quilombolas y regularizar la situación del Territorio de la Comunidad Quilombola Rio dos Macacos, sin más pérdidas de tiempo. |
32 | O relatório Terras Quilombolas - Balanço 2011 publicado pela Comissão Pró-Índio de São Paulo no passado dia 15 de fevereiro, revela que durante o primeiro ano do governo de Dilma Rousseff apenas uma Terra Quilombola foi titulada pelo governo federal, e que “o placar de terras quilombolas tituladas no Brasil alcançou 110, o que significa que apenas 6% das 3 mil comunidades quilombolas que se estima existir no país conta com o título de suas terras”. | Un informe realizado durante el año 2011 por la Comissão Pró-Índio de San Pablo acerca de las tierras de los quilombola [pt], publicado el 15 de febrero de 2012, revela que durante el primer año del mandato de Dilma Rousseff el gobierno nacional otorgó título de propiedad de las tierras a solo una comunidad quilombola, y que “en Brasil el total de comunidades de este tipo cuya situación se ha legalizado es de 110, lo que equivale a solo un 6% de las 3000 comunidades quilombolas estimadas en el país”. |
33 | | * En Brasil se denomina quilombo (en algunos otros países, palenque) a un lugar alejado y de difícil acceso en el que se refugiaban los esclavos negros fugitivos durante el período colonial americano. |