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#porspa
1Relatos compartilhados: Um projeto aberto para vítimas de estuproCompartir Testimonios: un proyecto abierto para las víctimas de violación
2Je Connais un Violeur [Fr] (Eu conheço um estuprador) é um projeto criado por Pauline Arrighi [Fr].Je Connais un Violeur (“Yo conozco a un Violador”) es un proyecto creado por Pauline Arrighi [fr].
3Através de um blog participativo, um trabalho contra o estigma do estupro é desenvolvido, funcionando como um mural para que as vítimas compartilhem os próprios testemunhos de forma anônima.Al ser un blog donde se puede participar, el proyecto busca trabajar contra la idea de que la violación es un tema tabú y, además, permite a las víctimas compartir sus testimonios de forma anónima.
4Confirma que muitas mulheres que foram vítimas de estupro conheciam os próprios agressores e funciona como uma plataforma de suporte e de expressão.
5O Rising Voices entrevistou Pauline sobre a decisão de iniciar o projeto, o sucesso e as influências que ele teve.Reconoce que muchas mujeres violadas conocían a sus agresores, y funciona como una plataforma de contención y expresión.
6Através de um blog participativo, ele desenvolve um trabalho contra o estigma do estupro e funciona como um mural para que as vítimas compartilhem os próprios testemunhos de forma anônima.
7-> esse ele aqui tá meio estranho, já que não se refere à Pauline, mas não fica claro que se refer ao blog.Rising Voices entrevistó a Pauline sobre su decisión de empezar con el proyecto, su éxito y su influencia.
8Que tal construir a frase assim: “Através de um blog participativo, é desenvolvido um trabalho contra o estigma do estupro, funcionando como um mural para que as vítimas compartilhem os próprios testemunhos de forma anônima.”
9Pauline Arrighi, criadora do projeto “Eu conheço um estuprador”Pauline Arrighi, creadora del proyecto “Yo conozco a un Violador”
10RV: Por que e quando você começou este projeto?RV: ¿Cuándo y porqué comenzaste con el proyecto?
11Muitas vítimas de estupro são desacreditadas por aqueles em torno delas.Muchas de las víctimas de violación encuentran que sus allegados no les creen.
12Então, muitas delas não têm força para denunciar os próprios agressores. Dessa forma, as vítimas acabam sofrendo devido a falta de reconhecimento dos outros sobre o que aconteceu.Por lo tanto, son muchas las que no tienen las fuerzas suficientes como para denunciar al agresor y terminan sufriendo también porque nadie les cree.
13Pior, às vezes elas são acusadas de estarem mentindo - mesmo antes de haver qualquer investigação feita para provar os fatos.Lo que es aún peor, es que muchas veces se les acusa de mentir, incluso antes de comenzar con cualquier tipo de investigación para probar los hechos.
14Em outros casos, as vítimas ficam traumatizadas e não se dão conta de que foram estupradas.Otras víctimas se encuentran en estado de “shock” y todavía no se dan cuenta de que fueron violadas.
15Elas encontram desculpas plausíveis para as atitudes tomadas pelos agressores e acabam mentindo para si mesmas sobre o que realmente aconteceu.Excusan a sus agresores y terminan viviendo mintiéndose sobre lo que les pasó.
16Uma das razões para a falta de credibilidade e até mesmo a hostilidade para com as vítimas de estupro se deve à falsas suposições sobre o estupro.Una de las razones por este escepticismo e incluso hostilidad en relación con las víctimas de una violación surge de suposiciones falsas sobre la violación.
17Há muitos mitos sobre a questão, e um dos quais eu gostaria especificamente de debater é que: estupradores não são todos marginais psicopatas que pulam em cima de suas vítimas no fundo de becos escuros à noite.Son muchos los mitos que giran entorno a la violación, entre éstos, uno que busco derribar: los violadores no son todos psicópatas marginales que atacan a sus víctimas en un callejón oscuro en el medio de la noche.
18Não há nenhum perfil do “estuprador” típico, a maioria deles são integrados socialmente e, mais importante, em 80% dos casos as vítimas conhecem o estuprador.No existe un perfil del violador “tipo”, muchos de ellos viven en sociedad y, aún más importante, en el 80% de los casos de violación la víctima conoce a su agresor.
19Ler os testemunhos das vítimas é algo excelente a se fazer.Leer los testimonios de las víctimas es excelente.
20“Não importa como você se vista, não importa onde você vá, ‘sim' significa ‘sim' e ‘não' significa ‘não'.
21Foto de arte de rua feita em Paris (publicada com a permissão do autor)Fotografía de un grafiti en la calles de París (publicada con la autorización del autor)
22Se tentássemos descrever um estuprador típico, como é que ele seria?Si tratamos de describir al típico violador, ¿cómo sería?
23Louco, sexualmente frustrado, pobre, um viciado em drogas?¿Loco?, ¿sexualmente frustrado?, ¿pobre?, ¿drogadicto?
24Ou perceberíamos que ele é como qualquer outro homem?¿O podría ser como cualquier otro hombre?
25Qual seria a melhor maneira de descobrir a resposta desta pergunta do que perguntar às vítimas que expliquem?No hay mejor manera para encontrar la respuesta que la de preguntarles a las víctimas.
26Se uma queixa foi feita ou não, se o estuprador foi condenado ou não, deixem elas desenharem para nós um retrato desta pessoa, sob o véu do anonimato, para ambos (eu tenho muito cuidado para que nenhum retrato seja necessariamente exato e para não identificar ninguém).Si se ha presentado una demanda o no, si el violador fue declarado culpable o no, dejemos que las víctimas nos dibujen un perfil de esta persona, siempre ambas partes protegidas con el anonimato (soy muy cuidadosa y no permito que los perfiles tengan información suficiente como para identificar a las personas)
27Eu lancei o projeto na noite de 30 de agosto de 2013. Comecei tomando nota e reunindo relatos de pessoas à minha volta.Comencé con este proyecto la tarde del 30 de agosto del 2013, y comencé por escribir testimonios recolectados por personas cercanas a mí.
28Eu postei o link em várias mídias sociais. 48 horas mais tarde, eu tinha recebido 150 relatos adicionais…Publiqué el enlace en varias redes sociales y 48 horas después tenía 150 testimonios más…
29Quantos relatos você já recebeu até agora?¿Cuántos testimonios has recibido hasta el momento?
30“Eu conheço um estuprador” se espalhou rapidamente através do Twitter e Facebook.“Yo conozco a un Violador” se ha expandido rápidamente mediante Twitter y Facebook.
31Eu recebi 500 histórias na primeira semana e 1200 assinantes.Recibí 500 historias la primer semana, y ya tenía 1200 suscriptores.
32Depois de apenas um mês, o projeto tem agora aproximadamente 1000 relatos e o site recebeu 900.000 visitasLuego de un mes, el proyecto tiene ahora alrededor de 1.000 testimonios y la página 900.000 visitas.
33Como o projeto é percebido pelos leitores?¿Cómo perciben el proyecto los lectores?
34Você já teve algum feedback dos colaboradores após os relatos deles?¿Tuviste alguna retribución de alguien que escribió un testimonio?
35Eu recebo um número mínimo de feedback de leitores céticos, 3 ou 4 de 1000 histórias.Recibo un número mínimo de comentarios de lectores escépticos, 3 ó 4 de 1000 historias.
36Por outro lado, eu também já recebi muitas palavras de agradecimento. Algumas pessoas ficam cientes das próprias experiências, após ter lido outros relatos, e elas então se tornam hábeis para designar e explicar as próprias histórias, e entender sentimentos de intranquilidade.Por otro lado, también recibo muchas palabras de agradecimiento; muchas personas reconocen su propia experiencia luego de leer los testimonios y luego pueden ponerle un nombre a esa experiencia, contar su historia y darle un sentido a esos sentimientos extraños.
37Outros percebem que não estão sozinhos, enquanto alguns dizem se sentirem aliviados agora que a história foi exposta para outras pessoas lerem.Otras se dan cuenta de que no están solas, y algunas se sienten reivindicadas ahora que su historia esta ahí para que otros la conozcan.
38Algumas pessoas - que não foram vítimas - explicam que o site lhe abriu os olhos para uma realidade da qual não tinham consciência.Incluso aquellas que no son víctimas sienten que el sitio les ha ayudado a ver una realidad que no conocían.
39Por todos estes motivos, o projeto foi além de meus objetivos iniciais, e estou bem feliz com isso.Por todas estas razones, el proyecto ha cumplido con mucho más de lo que me propuse y estoy muy contenta con esto.
40Ver as histórias publicadas também serve de catarse para algumas vítimas?¿Te parece que el hecho de ver sus historias publicadas les sirve como catarsis a las víctimas?
41Dar um testemunho pode ser parte do processo de cura da dor?¿Puede ser que dar tu testimonio sea parte de un proceso para sanarse?
42Sem dúvida.Sin ninguna duda.
43Eu já recebi muitos e-mails dizendo exatamente isso - mas eu não estou em uma posição para desenvolver o tema, não sendo uma profissional, uma psicóloga, etc. No entanto, posso fazer referência à excelente Muriel Salmona, psiquiatra especialista em trauma e autora da obra Livre Noir des Violences Sexuelles [Fr] (Livro Negro da Violência Sexual) [as frases seguintes foram citadas no jornal francês Liberation]:Recibí muchos correos que decían exactamente lo que me preguntaron, pero yo no estoy en posición alguna para disertar sobre el tema, ya que no soy una profesional, una psicóloga, etc. Sin embargo, puedo utilizar las palabras de la talentosa Muriel Salmona, una psiquiatra especializada en traumas y autora de Livre Noir des Violences Sexuelles (el Libro negro sobre la violencia sexual) [la siguiente cita [fr] pertenece al periódico francés Libération]:
44As vítimas estão sempre dizendo ‘Eu não deveria ter feito isso ou dito aquilo'.La víctimas siempre dicen “No debería haber hecho o dicho tal cosa”.
45[Porém] elas conseguem fazer uma reconsideração sobre isso.Sin embargo, vuelve a pensar esto.
46Falar, trocar experiências e analisar a abordagem do agressor permitem que percebam, finalmente, que elas mesmas foram as vítimas.Al hablar, intercambiar experiencias y analizar como se acercó el agresor a ellas, les permite finalmente, darse cuenta que son las víctimas.
47É a primeira etapa em direção ao processo para curar a dor.Este es el primer paso hacia la sanación.
48Como você seleciona as contribuições a serem publicadas?¿Cómo seleccionas los testimonios que vas a publicar?
49Quantas histórias não são publicados e por quê?¿Cuántas historias no publicas y porqué?
50Como regra geral, eu apenas publico histórias que dão o perfil do agressor, como indicado na seção “sobre” do site, e se tiver sido um estupro (ignoro toque e outras tentativas).Como regla general, solo publico historias que describen el perfil del agresor y si es una historia de violación (ignoro todo lo que sea solo tocar y otros intentos), tal como indico en la sección “sobre la página”.
51Dito isto, certos relatos não se encaixam nesta linha editorial, mas eles são publicados mesmo assim por serem emocionalmente poderosos, ou porque eles trazem um componente valioso para a reflexão sobre o estupro e as maneiras pelas quais ele é socialmente percebido.Para toda regla general siempre hay excepciones, algunos testimonios no caen en los parámetros de mi regla general pero los publico de todas formas ya que tienen un fuerte contenido emocional, o porque aportan una parte importante a la reflexión sobre la violación y la forma en que la sociedad la percibe.
52Como administradora do site, como você gerencia a própria raiva e tristeza após ter lido todas estas histórias?Como la administradora de éste sitio, ¿cómo manejas tu propio enojo y tristeza luego de leer estas historias?
53Não muito bem (sorrir).No muy bien… (sonríe).
54Mas sério, com certeza ler estas histórias é obviamente difícil, e eu estou em uma posição relativamente de impotência porque há uma limitação naquilo que se possa fazer através de um site.Honestamente, leer estas historias no es fácil y yo estoy en una posición en dónde tengo “las manos atadas” ya que mucho no puedo hacer por medio del sitio.
55Eu não posso substituir o trabalho de um ouvinte em uma linha direta e muito menos o de um terapeuta online.No puedo reemplazar el trabajo de alguien que te escucha por teléfono o de un terapeuta on-line.
56Felizmente, às vezes, eu consigo fornecer ajuda, e eu faço parte de uma rede de mulheres que é familiar com estes problemas.Afortunadamente recibo ayuda algunas veces y soy parte de una red de mujeres que esta familiarizada con éste tipo de problemas.
57Tenho sorte que minha abordagem é compreendida, e não tem sido objeto de “piadas de estupro” e outras coisas que acontecem online.Tengo la suerte de que las personas respetan mi medio de expresión y no recibo chistes sobre violaciones u otras cosas que surgen en la web.
58Há mais ações que possamos fazer como sociedade para ajudar a proteger vítimas?¿Existen medidas que nosotros como sociedad podemos tomar a fin de proteger a las víctimas?
59O estupro é apenas uma manifestação da percepção e do status das mulheres na sociedade.La violación es solo una manifestación de la percepción y el estatus de la mujer en sociedad.
60Quando pararmos de apresentar as mulheres como sexualmente disponíveis e submissas nas propagandas, obras de ficção, e assim por diante, quando pararmos de apresentar as mulheres como objetos e homens como seres dominantes, ativos com uma necessidade sexual irreprimível (o que é absolutamente falso), o número de estupros irá diminuir consideravelmente.Una vez que dejemos de difundir la imagen de la mujer como figura sexual y sumisa en las publicidades, ficciones, y en otros medios, una vez que dejemos de presentarlas como objetos y dejemos de colocar al hombre como el ser dominante, con necesidades sexuales irreprimibles (lo cual es absolutamente falso), el número de violaciones disminuirá de forma drástica.
61Há medidas específicas que podem ser tomadas:Existen medidas específicas que podemos tomar:
621) ser implacável contra aqueles que compartilham incentivos ao estupro* [Fr] e ao ódio sexista.1) ser implacables contra aquellos que comparten la motivación de violar* [fr] y odian al sexo opuesto.
632) desenvolver uma estratégia para a educação emocional e sexual nas escolas e faculdades.2) desarrollar una estrategia de educación emocional y sexual en escuelas y universidades.
64Não podemos permitir que a indústria pornô seja a única fonte de educação sexual para os mais jovens.No podemos dejar que la industria pornográfica sea la única fuente de educación sexual para los jóvenes.
65Da sua perspectiva, como você analisa a evolução do tabu sobre o estupro e o impacto de um site como o seu? Há uma tendência entre estas histórias de que elas não serão necessariamente compreendidas pelos leitores comuns?Desde tu punto de vista, ¿cómo analizarías la evolución del tabú que existe respecto a la violación y el impacto de un sitio como el tuyo?, ¿existe una tendencia entre estas historias que podría no llegar a percibirse por el lector casual?
66O que ocorre mais frequentemente é as vítimas terem um sentimento de culpa e vergonha.La tendencia que surge más seguido es el sentimiento de culpa y vergüenza que sienten las víctimas.
67Para reforçar este quesito, uma vítima de estupro nunca é responsável pelo que aconteceu.A fin de que quede claro, una víctima de violación nunca es responsable de lo que pasó.
68Então, se a vítima se sentir, um papel invertido ilógico, culpada pelo que aconteceu, isso se deve também ao discurso em em torno do estupro que ela poderia ter ouvido mesmo antes de ser atacada.Entonces, si la víctima se siente, en un irracional cambio de roles, responsable por lo que sucedió, esto sucede también por el discurso que escuchó durante toda su vida sobre la violación.
69Se você ouviu durante todo sua juventude que pessoas foram vítimas de estupro porque mereceram … como não odiar a si mesmo se isso lhe acontecer?Si durante tu juventud escuchaste que las víctimas de una violación más o menos se lo veían venir… ¿cómo puedes evitar odiarte porque ahora te pasó a ti?
70Este sentimento de culpa e negação também vem da própria experiência do estupro.Este sentimiento de culpa y negación también surge de la misma violación.
71Em muitos relatos lemos que não apenas a integridade física é negada, como também o agressor nega a vontade da vítima, acreditando que a vítima está consentindo.En mucho testimonios encontramos que no solo se niega la integridad física de la persona, sino que también el agresor niega el deseo de la víctima, y cree que la víctima consiente a la violación.
72“Eu sei que você gosta”, “Eu sei que você quer”… estupro não envolve apenas o corpo, mas também a mente….“Se que te gusta”, “se que quieres”… la violación es no solo del cuerpo, sino también de la mente.
73O que você gostaria que mudasse do ponto de vista da política pública na abordagem deste problema ?¿Qué te gustaría que cambie en las regulaciones públicas con respecto a la forma de abordar este problema?
74… Lutar contra os estereótipos de gênero na escola, com educação sexual que considere noções de respeito pela integridade e desejo do outro, lutar contra a degradante imagem das mulheres nas propagandas, filmes pornôs, internet e na sociedade em geral.…Luchar contra la idea de estereotipar al género en las escuelas, con la educación sexual que educa en el respeto por la integridad del otro y el deseo; luchar contra la imagen degradante de la mujer en publicidades, películas pornográficas, el Internet y en la sociedad en general.
75O estupro é apenas uma das manifestações da representação das mulheres e homens na sociedade, não é natural, é um fato cultural contra o qual podemos lutar.La violación solo es una manifestación de la imagen del hombre y la mujer en sociedad, no es natural, es un hecho que surge de nuestra cultura y contra el cual podemos luchar.
76Há sociedades onde o estupro não acontece. Por que não na nossa?Existen sociedades en las que la violación no ocurre, ¿porqué no la nuestra?
77* O link acima para o artigo no Le Plus narra a história de um grupo de feministas - do qual Pauline Arrighi é membro - que enviou um relatório à imprensa sobre um site, que esteve incitando homens a estuprarem pessoas com quem se relacionassem e dos grupos de amigos.*El enlace a este artículo en Le Plus relata la historia de un grupo de feministas - del cual Pauline Arrighi es miembro - que enviaron un reporte a la prensa sobre una página de Internet que incitaba a los hombres a cometer violaciones a sus parejas y grupo de amigos.